Opinião

Isto não está a correr nada bem!

O XIII Governo dos Açores anda a testar um estilo muito próprio de navegação à vista. O rumo a traçar depende, sempre, dos níveis de ruído que se fazem sentir em terra. O Presidente, cuja humildade e sorriso fácil combina muito melhor se estiver em modo silêncio, está, por culpa de péssimas escolhas para a tripulação do barco onde inesperadamente foi forçado a ser comandante, transformado num autêntico bombeiro. A necessidade de apagar fogos tem sido a um ritmo diário. Vamos, então, a alguns exemplos que atestam a veracidade do título desta crónica. Ora vejam:

 

1. Vacinação

O processo de vacinação, tal como já escrevi várias vezes, tem sido um desastre. Começou com vacinas para alguns cargos privilegiados que originou alguns inquéritos (e conclusões, para quando?); seguiu-se a vacinação em modo bar aberto nas portas do mar (e mais um anúncio de inquéritos); e por estes dias ficamos a saber que no Faial foram vacinados Açorianos com 50 anos sem qualquer patologia associada… Quando idosos estão ainda a aguardar a respetiva chamada. Preferencialmente, sem origem telefónica numa Câmara Municipal! Perante este caos, foi anunciada a contratação (mais uma!) de um especialista para colocar a casa em ordem. E assim se passa um Atestado de incapacidade ao Secretário da Saúde, ao Diretor Regional e ao especialista-mor

 

2. Manifestação

O Presidente do diálogo, da concertação, das pontes e demais qualidades autocolocadas, já teve direito à primeira grande manifestação. Em democracia é salutar esta prática. É um sinal de que o povo está vivo. Povo que não gosta de falinhas mansas e muita conversa fiada. Apregoar o diálogo e fechar a porta do Palácio de Sant' Ana teve a resposta na rua. E até bastou apenas começar a correr o anúncio da manifestação para haver decisões revogatórias de práticas erradas que levaram manifestantes a escrever em cartazes "Temos fome!"

 

3. Alteração

Esta semana tivemos direito a uma conferência de imprensa a solo e em Ponta Delgada. Quer a alteração geográfica, quer a alteração da composição, quer a alteração de regras a meio do jogo, tem uma clara leitura política. A dimensão do fogo já era considerável e era preciso dar um sinal claro. O político arrumou, por agora (?), o especialista. Um especialista. Já que anunciou que vem a caminho outro. E aqui é que está o sinal claríssimo. Agora que foi atribuído direito a habitação ao especialista-mor... O melhor será este levar as malas do Hotel para... o aeroporto!

 

4. Perdão

A terminar, temos a sucessão de pedidos de desculpa por parte de Bolieiro. Primeiro, foi um recatado pedido de desculpa ao Secretário dos Transportes após a retirada do tapete por parte do (vice) Presidente Artur Lima. Depois, mais recentemente, Bolieiro foi ao Açoriano Oriental pedir desculpa pelas "declarações infelizes" do Dr. Tato Borges. Agora foi a acusação de Clélio Meneses à Camara de Ponta Delgada a respeito de um telefonema a convocar pessoas para vacinação, o que levou a Câmara a desmentir em comunicado tal ocorrência e o STAL, também em comunicado, a criticar duramente o SRSD. Neste contexto, Bolieiro, face a estes acontecimentos, está transformado num daqueles comboios que para em tudo o que é estação e apeadeiro. Por estes dias, deve estar a agendar uma ida à Câmara de Ponta Delgada. A sala presidencial em Sant´Ana, não tarda, bem que pode ser transformada num estúdio de um antigo programa da SIC. Lembram-se do "Perdoa-me?".