Ruben Amorim foi apresentado como treinador do Sporting Clube de Portugal no dia 5 de março de 2020. Na referida conferência de imprensa, Ruben Amorim, logo a abrir, e antevendo o “guião” das perguntas com que seria bombardeado, disse o seguinte: "[10 milhões de euros] era o valor que tinha na cláusula. Quando a pusemos, comecei-me a rir, podiam pôr 20 ou 30 M€ que ninguém iria gastar dinheiro comigo, mas aconteceu isto e agradeço a confiança. No fim faremos as contas. Falam do risco. E se corre mal? Mas eu pergunto: e se corre bem?" Esta última pergunta ficou na minha cabeça e, garantidamente, na de todos os seguidores do desporto rei. Torci o nariz à sua contratação. Pelo valor em causa; pela inexperiência e pela conjuntura. Recorde-se que o Sporting, na época passada, antes da chegada do mister Amorim, já tinha visto passar pelo banco Marcel Keizer, Leonel Pontes e Jorge Silas. Ruben Amorim era, portanto, o quarto (!!) treinador da época 2019-2020. A este caos ter-se-ia de juntar a “loucura” do pagamento da cláusula de rescisão e a tal inexperiência na divisão maior do futebol português. Em pouco mais de três meses, Rúben Amorim passava do terceiro escalão do futebol nacional (Braga B) para um “gigante adormecido” (Sporting). E antes de rumar ao Braga (B), Rúben Amorim tinha passado como estagiário (e logo castigado!) pelo banco do Casa Pia. Amorim chegou, portanto, a Alvalade com 13 jogos realizados (10 vitórias) ao comando do Braga na I Liga e com uma Taça da Liga no seu palmarés. Este era o cartão de visita (factual) do mister Amorim. Mas, como se trata de futebol, havia já outros indicadores a ter em conta. A qualidade futebolística praticada pelo Braga em tão curto espaço temporal era assinalável. O Braga, sob a batuta de Amorim, ganhou no estádio da Luz, no estádio do Dragão, ao Sporting na meia final da taça da liga e novamente ao Porto na final da taça da liga. Este tipo de resultados não podia ser mero acaso ou “estrelinha”… A juntar a estes resultados dentro das quatro linhas, tínhamos sempre direito a grandes performances nas conferências de imprensa. O pré e pós jogo era diferente dos demais treinadores. A mensagem de Amorim era transmitida com uma clareza ímpar. A simplicidade das respostas chamou cedo a atenção. A forma elegante e muito inteligente como “fintava” as perguntas mais habilidosas também foi deixando marcas. Tudo isto sempre com total noção da realidade que o rodeava, com verdade, muita confiança e espírito de união inabalável. Numa das conferências de imprensa mais marcantes, após o empate a 2 em Famalicão, Amorim disse a expressão que deu mote a toda a época: “aqui, onde vai um, vão todos!” E, na verdade, só com este espírito de grupo é que foi possível, partindo muito atrás dos rivais, e menos de três anos após uma das páginas mais negras da história centenária do Sporting Clube de Portugal, tornar o dia 11 de maio memorável para milhões de sportinguistas. Para terminar, ficámos por estes dias a saber o que escreveu o mister Amorim no livro de honra situado no museu do clube após o famoso “e se corre bem?” dito na conferencia de apresentação… Foram apenas duas palavras: “Guardem espaço!” Não vai correr sempre bem, mas a verdade é que no futebol, e em tudo, temos de partir sempre, sempre, da premissa do mister Amorim! É que sem confiança em nós…