Opinião

A Ilha Terceira deixa de ter administrador da Portos dos Açores!!!

Na passada quinta feira foi publicado o despacho com a nomeação do novo Conselho de Administração da Portos dos Açores.
Pela primeira vez, a Ilha Terceira deixa de ter um administrador em permanência.
Nunca tal tinha acontecido, tendo em conta a importância das infraestruturas portuárias terceirenses no contexto local e regional, o número de trabalhadores aqui concentrados e o volume da operação portuária.
Com esta decisão, deixa de haver um acompanhamento permanente, diário e próximo das dinâmicas portuárias na Ilha Terceira, com todas as consequências negativas que daí advém.
Por muito que os indefectíveis do novo Governo Regional tentem afirmar que é possível dirigir os portos da Terceira a partir de outra ilha, é muito claro que tendo em conta a dimensão, a dinâmica e a importância do Porto da Praia da Vitória no contexto regional, seria fundamental manter um membro do Conselho de Administração nesta ilha, em permanência e com proximidade diária ao trabalho desenvolvido.
Esta má decisão tem ainda mais relevância tendo em conta os dossiers que a Portos dos Açores tem entre mãos no que se refere ao futuro do Porto da Praia da Vitória e da Ilha Terceira.
Recorde-se o trabalho para combustíveis alternativos, o investimento em curso na requalificação do Porto de Pipas, os estudos em curso para a instalação de um Cais de Cruzeiros na Baía da Praia da Vitória ou trabalho desenvolvido e concluído para criar condições para a instalação de um terminal de transhipment no Porto da Praia da Vitória.
No âmbito deste investimento estratégico para o futuro, estão concluídos o plano estratégico de ordenamento do Porto, o Bussiness Plan, a avaliação custo benefício, a declaração de impacte ambiental, as alterações legislativas necessárias para aumentar a viabilidade deste tipo de investimentos e o caderno de encargos, estando tudo pronto para o lançamento do concurso, trabalho desenvolvido pela anterior administração da Portos dos Açores presidida por Miguel Costa, com grande mérito para o Engenheiro João Vargas, até agora administrador em permanência na sede da Praia da Vitória.
O Governo está em funções há seis meses, e ainda nada se sabe sobre este procedimento e estratégias para o futuro.
Realçamos ainda o trabalho de apetrechamento do Porto que foi realizado como os investimentos na requalificação da rede de incêndios, a aquisição de uma nova grua portuária, a aquisição de duas empilhadoras reach-stacker ou a intervenção na melhoria da operacionalidade e segurança do Porto, investimentos globais na ordem dos cinco milhões de euros.
O Porto da Praia da Vitória tem potencialidades únicas. Ao longo dos últimos anos foi feito um caminho de valorização infraestrutural e estratégica.
Este caminho não deveria ser interrompido. Mas esta decisão do Governo Regional é um péssimo sinal nesse âmbito.
Depois de nomes como Luis Dutra, Conceição Rodrigues, José Ribeiro Pinto, Miguel Correia ou João Vargas, que muito trabalharam para engrandecer a importância, qualidade e eficiência das operações portuárias na Ilha Terceira e no contexto regional, todo o seu legado é agora posto em causa.
Ontem, numa notícia neste mesmo jornal sobre este tema, numa encenação de alegado desagrado do Partido Social Democrata da Terceira para tentar desculpar o indesculpável e numa demonstração de total incapacidade para influenciar decisões sobre a Ilha Terceira, é referido que esta é uma decisão transitória!!!
Não se percebe a transitoriedade, o que só adensa as nossas preocupações, tendo em conta que matérias tão relevantes para o futuro da Ilha Terceira e dos Açores não podem ser geridas de forma transitória.
Uma falsidade para iludir os terceirenses.