Os portugueses que superaram patologias graves como, por exemplo, cancro na infância são duplamente vítimas. Para além da enfermidade, muitos são impedidos de contrair crédito à habitação ou discriminados no acesso a seguros. Condenados em vida por terem sobrevivido a um diagnóstico que, para muitos, ainda é visto como uma sentença de morte. Finalmente, no passado mês de maio, foi dado um primeiro passo para que essa iniquidade seja resolvida. Pela mão do PS, e com o apoio de vários outros partidos, foi aprovado na Assembleia da República um projeto-lei que visa consagrar o direito ao esquecimento, permitindo, deste modo, corrigir uma injustiça e impedir quem tenha sobrevivido a doenças graves de ser condicionado no acesso ao crédito e a seguros. É certo que, com esta iniciativa, o problema não fica totalmente resolvido. Mas, com ela, é dado um passo decisivo na direção da decência e na reparação de uma discriminação penalizadora para milhares de portugueses cujo único “crime” foi terem adoecido.