Se ele há coisa em que estou profundamente convencido, no que toca a políticas de Educação, é na diversidade da oferta pedagógica. Abandonar esse caminho e persistir teimosamente numa mesma fórmula e formato para almejar o sucesso das aprendizagens dos alunos é, a meu ver, um erro crasso. Os alunos são, todos eles, diferentes, sabemo-lo, diferenças não necessariamente marcantes de um sucesso ou de um insucesso dos seus resultados escolares. A adaptação não passa, não pode passar, exclusivamente pelo aluno à escola, ao professor, às estratégias de ensino e aos currículos escolares. É esse um caminho tremendamente obtuso e obsoleto. Cada qual em seu esforço. O de aprender pelo aluno, o de ensinar pelo docente, o de pensar e de repensar caminhos pelo governante. A opção pelo caminho da diversidade da oferta pedagógica, como disse, é a meu ver inquestionável, porém, como qualquer outro, também ele encerra os seus perigos. E o de se resvalar para uma especialização demasiadamente precoce, será deles o maior. Ou seja, o de se cair no erro de compartimentar alunos como se de objetos sem vida se tratassem, encerrando-os definitivamente e muito cedo em seus próprios currículos. Porém, pior ainda do que isso, é insistir em compartimentá-los em apenas um ou dois modelos curriculares. A assertividade de um diagnóstico constante é então fulcral. Mas obviamente essa é, afinal, uma das incontornáveis partes da tarefa. E maior diversidade é maior adequação de processos, ainda que menor comodidade da escola bem como de todo o sistema. Os programas ou projetos pedagógicos como os cursos de formação vocacional, destacadamente destinados a alunos de um terceiro ciclo de ensino, não certificando duplamente, mas adequando e integrando os jovens num modelo de ensino diferente, são disto o exemplo. Ou, se antes quisermos, os cursos de uma natureza já mais profissionalizante (e ainda não profissional), para um nível de ensino secundário, estes sim, já de dupla certificação, porém sem que a sua principal preocupação se centre na especialização do aluno em determinada profissão mas na conclusão da escolaridade obrigatória (pelo términos do décimo segundo ano de escolaridade ao invés do seu cumprimento pelo seu décimo oitavo aniversário). Importantes caminhos, caminhos diferentes, errado é esquecê-los. É isso um engano, obviamente a meu ver, levando os Açores, inevitavelmente, a um abrandar da evolução positiva das taxas de sucesso escolar pelo seu aproveitamento sumativo, de combate ao absentismo escolar, de abandono escolar sem a conclusão da escolaridade obrigatória ou de abandono escolar precoce pelo não cumprimento com sucesso do décimo segundo ano de escolaridade. É tudo aquilo que não queremos. E atenção aos números: o sucesso de alguns alunos, ainda que poucos em número, nestes percursos pedagógicos alternativos significará, por não poucas vezes, o retorno de um esforço, um refrescar de motivação, o prazeroso sucesso de toda uma escola. E o quanto tudo isto, por consequência, não pesará positivamente no sistema. Que se apoie o franco crescimento das Escolas Profissionais, a todos os níveis e com real equidade de acesso, mas que se desengane quem pensa que poderá isso dispensar todo um trabalho de se adequar, de modo muito diverso, o modelo secular de escola confessional ou laica aos desafios crescentes de uma sociedade também ela cada vez mais plural.
Ainda distantes da tal "Escola Plural", que se não abandone esse (Belo) Horizonte.