Opinião

Eu, envergonhado, me confesso…

Este texto é escrito após ouvir, durante quase uma hora, uma alegada conferência de imprensa do Deputado (e candidato à presidência do Chega/Açores) José Pacheco. A dita conferência foi, infelizmente, realizada na delegação da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores em Ponta Delgada. Termos ou expressões como “meter o bedelho”, “titi no meio da sala”, “podem enviar-lhe um e-mail” e “acordo acaba de ser rasgado” quando se referiu ao papel do Representante da República; forma e teor das respostas às perguntas dos jornalistas presentes do nível “se a minha avó não tivesse morrido estava viva” e outras brejeirices; referências à sua profissão e a viagens de férias em família; comparações entre a SATA e o vendedor de pipocas; etc..; etc… não são dignas e atentam contra uma instituição séria como é o primeiro órgão da Autonomia (Assembleia Regional). Por outro lado, lamento profundamente saber pela voz do Deputado do Chega que vamos ter “brevemente” uma remodelação governamental com o objetivo de emagrecer o XIII Governo, cumprindo-se assim uma exigência do Chega. A remodelação, tal como já escrevi, é um imperativo face aos diversos erros de casting na composição do Governo e não – nunca! – por causa do Chega!  É caso para dizer: ao que chegou o PSD de Bolieiro! E não foi por falta de avisos… Está a fazer 1 ano que escrevi que “A dependência do Chega para a viabilidade e durabilidade da “manta de retalhos” da governação 3+2 é a marca de água do próximo Governo. Bem pode, via Twitter, o dr. Rio dizer que o Chega não integra o governo dos Açores. A verdade, nua e crua, é que sem o Chega a “manta de retalhos” ficaria curta. O n.º 29 só se atinge com o Chega. Esta abertura de portas ao Chega, por muito que se comece a suavizar a sua matriz xenófoba e racista, não só ficará na história da liderança de Rio e do seu ex Vice, como também marcará uma nova era na política portuguesa. Esta traição à Democracia, à Autonomia e à história do PSD terá custos muitos elevados…” E uns dias depois, num outro texto, escrevi que “(…)  só o desespero é que pode explicar a atual deriva extremista e populista de Bolieiro. Aceitar, após tudo ter feito pela calada para tal, o apoio vindo de Lisboa do partido do Dr. Ventura não augura nada de bom. Bolieiro podia ter ficado na história como “o Estadista”. Ao optar por sujeitar-se ao Chega – partido anti-autonomista, extremista, populista, xenófobo e racista – ficará sempre recordado como o coveiro da social democracia!” O XIII Governo ainda nem assinalou 1 ano de vida e está cada vez mais parecido com uma telenovela mexicana. Os enredos são diários, as ameaças constantes, o suspense sempre permanente e a qualidade do guião sempre a diminuir… No meio de tudo isto há uma Região e um Povo. Ter-se-ão esquecido?