Opinião

Pacheco 1500 - Bolieiro 0

Este é o resultado do jogo realizado na cidade da Horta. O campo de jogo foi o hemiciclo da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores. A equipa dos “Pachecos”, treinada à distância por Ventura, goleou a equipa de Bolieiro. A vitória, por números nunca vistos, deve-se à deserção do campo pela equipa dos “Bolieiros”. E, infelizmente, não apenas do campo de jogo. Deste jogo. Do Plano e Orçamento para 2022. Esta equipa abandonou o campo dos princípios, dos valores e da própria social democracia. Esta equipa, infelizmente, foi a jogo com o símbolo e bandeira da Região Autónoma dos Açores no equipamento e com o apoio declarado do PSD, CDS-PP e PPM e o apoio envergonhado/ameaçador da IL. Deixo, propositadamente, de fora o Deputado independente. O apoio deste à equipa de Bolieiro dispensa qualquer explicação. No entanto, somados os votos aqui em causa, não chegava para manter vivo (até quando?) o XIII Governo dos Açores. Por isso, bem pode Bolieiro agarrar-se a chavões como “humildade democrática”, “pluralidade”, etc… Mas a verdade, a prática, é bem diferente. A bola só rola por vontade do Deputado Pacheco. E isso é dramático. Para quem? Para os Açores, obviamente. E, também, para a democracia. Estar um governo dependente da vontade de 1 Deputado é mau. Ser esse Deputado do Chega é muito mau. Ser tudo isto nos Açores é péssimo. Estamos a servir de ensaio para uma “outra república”. Os Açores são, não tenhamos quaisquer rodeios, um brinquedo nas mãos de Ventura. Só isso explica o que todos assistimos no último plenário da Assembleia Regional. O Deputado Pacheco esteve três dias em silêncio. Tinha 15 minutos à sua disposição. Por ordem de Lisboa, não utilizou um único segundo do tempo de que dispunha. O silêncio foi a tática imposta para haver mais especulação à volta do sentido de voto do Chega. Guardou-se para a intervenção final. Leu um discurso durante 10 minutos. Nas folhas lidas, em síntese, para além de referir negociações com Bolieiro (desmentidas por este!), ficámos a saber que o preço do voto do Chega estava num gabinete para combater a corrupção, na aquisição de 4 viaturas para algumas corporações de Bombeiros e num incentivo à natalidade de 1500 euros. Acontece que esta versão regional do “orçamento limiano” de má memória tem um pecado capital. A exigência da criação de um incentivo à natalidade, desenhada por Ventura e transmitida atabalhoadamente por Pacheco, é um verdadeiro atentado. A equipa de Bolieiro, sem pestanejar, aceitou a seguinte imposição de André Ventura: criar uma medida de incentivo à natalidade até 1500 euros por cada nascimento para “famílias sem apoios sociais”. Sim, leram bem, Bolieiro, para sobreviver, renegou todos os princípios fundamentais em que assenta a social democracia. A exigência do Chega é uma certidão de óbito ao partido de Mota Amaral. O PSD/Açores, sob a liderança de Bolieiro, içou a bandeira do Chega na sede regional do partido. Esta terrível e humilhante goleada nos princípios e valores que unem os democratas vai ter um custo muito alto. Para a próxima o que se seguirá? A porta está aberta para tudo. Preparem-se…