É praticamente impossível ignorar o que se está a passar no leste europeu com o avanço militar da Rússia sobre a Ucrânia. Por muito que se façam comparações com outras intervenções militares a verdade é que esta é a primeira vez que se vê um país soberano ser atacado desta forma e com estes propósitos.

Aquilo que se está a passar entre a Rússia e a Ucrânia é um disfarçado ajuste de contas com a história levado a cabo por tiranos que nunca aceitaram a liberdade e a independência de um povo que um dia sonhou ter a capacidade de definir os seus próprios destinos.

Correntemente diz-se que os políticos são o espelho do povo que os escolhe, mas em regimes ditatoriais, como é o da Rússia, são pessoas disfarçadas de políticos, a querer à força, que os povos sejam o espelho deles próprios e isso deve ser combatido por todos.

Não se pode dar tréguas e dar como garantida a nossa própria liberdade porque, acreditem, eles são mais do que possamos imaginar e se lhes dermos margem eles aparecem com tudo o que têm, sem pudores, para retomar aquilo que eles, no meio das seus desvaneios ideológicos, pensam que um dia lhes foi tirado ou porque pura e simplesmente querem que lhes pertença, como se a identidade de um povo e de uma nação pudesse algum dia pertencer a alguém!

Tentar normalizar ou domesticar estes regimes e estas pessoas é bem mais perigoso do que o combate que pode e deve ser travado contra eles. O resultado da ausência desta coragem é aquilo que estamos todos, infelizmente, a assistir.

(Crónica escrita para Rádio)