“O Governo dos Açores informa que a secretária regional da Cultura, da Ciência e Transição Digital, Susete Amaro, solicitou ao presidente do Governo [Regional] a exoneração com efeitos imediatos do diretor regional da Cultura, Ricardo Tavares, pedido aceite por José Manuel Bolieiro”. Esta foi a informação avançada pelo executivo açoriano, na sua página da internet, na terça-feira à noite.
O Governo escolheu, não por acaso, uma noite de carnaval para anunciar o que estava decidido há meses. A data, em política, não é um pormenor. E quando o acontecimento político coincide com um qualquer evento, ganha maior relevância e simbolismo.
Ora, não havia de facto melhor data para exonerar o diretor regional da Cultura do que a terça-feira de carnaval. A sua passagem pela direção regional foi um verdadeiro bailinho. Com touros, um boi de raça anã e muitas, muitas, outras palhaçadas.
A escolha de Ricardo Tavares, imposta pelo parceiro PPM, teve agora o epilogo esperado. Mas, para não destoar, a saída vai fazer jus ao mandato. A titular da pasta, que se dizia poder sair primeiro do que o seu diretor da cultura, viu o seu mail chegar aos órgãos de comunicação social. Na referida comunicação, a que todos tivemos acesso via Telejornal da RTP/A, Susete Amaro dizia ter dado instruções aos funcionários da Direção Regional da Cultura para que a partir daquele dia não cumprissem “qualquer despacho, instrução ou email emanado” por Ricardo Tavares. E acrescentava: “A partir deste momento, retiro-lhe todas as suas competências, bem como a confiança política.”
Em momento posterior, citada através da LUSA, ficamos a saber que “o que levou a este pedido de exoneração foi um conjunto de várias situações que não se coadunam com a lealdade e com o zelo que deverá existir no exercício de um cargo desta natureza.” Confrontada com pedido de exemplos, a governante referiu não querer “particularizar nenhuma em concreto, porque são várias situações”.
Quem parece discordar é o visado, uma vez que o ex (?) diretor regional ainda vai dizer qualquer coisa quanto à fundamentação para a respetiva exoneração. Isto ainda vai dar para mais alguns capítulos e, muito provavelmente, para alguns daqueles textos a que nos habituou o Sr. Ex (?) Diretor Regional.
Por aqui se percebe a relutância de Bolieiro em concretizar a tal remodelação profunda tão ansiada em diversos setores da sociedade e, particularmente, dentro do PSD/Açores.
Bolieiro sabe, melhor do que ninguém, as inúmeras fragilidades políticas do seu Governo. E com o passar do tempo, mas evidentes vão ficando... Mas isto não é surpresa para ninguém. Bolieiro sabia bem ao que ia. Sabia, por exemplo, das rivalidades e lutas existentes no PSD da ilha Terceira. Sabia, também, dos custos das cedências aos parceiros CDS e PPM e apêndices Chega e IL. Sabia, de igual modo, do pouco peso político da maioria dos governantes escolhidos. Etc..etc.. Sabendo de tudo isto, Bolieiro decidiu sujeitar-se (e sujeitar-nos!) a este caos...
