Opinião

Desafios

Um cenário tristemente visto, de bombas, bunkers e destruição massiva. Fuga dos mais vulneráveis e os refugiados voltam a ser europeus (para quem interesse...).
Em todo o seu cortejo de horrores, parece que a velha guerra fria ressuscitou... e aqueceu. A guerra clássica de tentar dominar infraestruturas estratégicas e fazer capitular rapidamente as principais cidades ucranianas falhou, graças à resistência ucraniana e às debilidades do exército russo, que parece ter falhado em termos logísticos e táticos. É claro que, face à desproporção das forças em conflito, se partiu para a guerra de cerco, com laivos de brutalidade medieval -- algo a que, nos últimos anos, as forças militares russas nos habituaram.
Para além disso, a Europa mostrou-se expedita em tomar medidas, algumas inéditas, como o apoio em material militar à Ucrânia. E a Alemanha achou que era já bem tempo de deixar de amargar o peso de país derrotado e de investir significativamente em termos militares. Para além do fim do fim do segundo gasoduto russo, cuja consórcio já declarou falência. A Europa parece ter percebido que não pode dispensar uma segurança e defesa próprias, para além dos seus alinhamentos e alianças tradicionais.
Mas o Mundo, incluindo parte da população russa, condena esta marcha de Putin, de sabor extemporâneo. Cuba, Venezuela e China abstiveram-se na A.G extraordinária da ONU, deixando a Rússia acompanhada pela Coreia do Norte e mais dois ou três Estados não recomendáveis. O cerco e o isolamento de Putin começam a fazer-se sentir. Para a China, com um crescimento assente nas exportações para o Ocidente, o alerta sobre a total cooperação económica com potências autoritárias é deveras inoportuno, vindo confirmar receios que começavam já a ser acautelados.
Por cá, o PCP ainda tem esperança que Lenine ressuscite, e alguma "direita", agora e convenientemente, garante que Putin é vermelho...