Opinião

Onde vamos buscar esperança?

Esta foi a semana em que as instituições democráticas retomaram a sua atividade plena, com a instalação da nova Assembleia da República e a tomada de posse do novo Governo de Portugal.

Augusto Santos Silva, já como novo Presidente da Assembleia da República, fez um discurso brilhante, onde deixou claro que na casa da Democracia não há lugar ao discurso de ódio.

Por seu turno, os deputados, entre os quais tenho a honra de me incluir, cerraram fileiras à extrema-direita, a qual, apesar de ter apresentado, sucessivamente, dois candidatos a vice-presidente, obteve pouco mais de 30 votos em cada uma das tentativas de eleição.

Na próxima semana será discutido o Programa do Governo e poderemos então avançar para o processo relativo ao Orçamento do Estado para 2022.

Este é um momento particularmente crítico para o país, para a Europa, para o mundo. Há mais de um mês que a Rússia invadiu a Ucrânia e trouxe de novo a guerra ao velho continente. A pandemia não acabou, a gripe e as infeções respiratórias enchem as urgências hospitalares. A Europa, que não conseguiu até hoje chegar a acordo sobre as migrações e asilo, recebe milhões de refugiados, entre os quais muitas crianças não acompanhadas, sem que a Europa tenha já colocado em prática um plano eficaz para a sua proteção das redes de tráfico humano.

A inflação ameaça as famílias e as empresas e continua a ser urgente a recuperação do tecido económico e social dilacerado pela pandemia e ameaçado pelas consequências da guerra.

Onde vamos então buscar esperança?

Precisamente ao ciclo que agora começa. Da parte do Parlamento, a não eleição de um vice-presidente da extrema-direita, confirma o compromisso de uma expressiva maioria dos parlamentares em funções, com a Democracia e o Estado de Direito. Da parte do Governo, a reafirmação do compromisso assumido por António Costa, junto dos portugueses, de prosseguir a trajetória do crescimento e desenvolvimento que o país iniciou em 2015, confirma a adequação das prioridades definidas pelo Governo às necessidades do país e dos portugueses.

O Primeiro-Ministro iniciou o seu discurso de tomada de posse, lembrando o que dissera a 26 de outubro de 2019, ao tomar posse para as mesmas funções. Este é um Governo para os bons e para os maus momentos, e quanto maior for a tormenta, maior será a nossa determinação em ultrapassá-la.

Sabemos que tudo fará para que assim seja, pela forma como conduziu o país na recuperação pós-troika e pós Governo de direita e na resposta à pandemia, quando assumiu como prioridade as pessoas, sem colocar em crise a nossa credibilidade externa e melhorando, substancialmente, as contas do país.

 

(Crónica escrita para rádio)