Nas últimas eleições autárquicas (2021), mais concretamente no concelho de Ponta Delgada, o PSD, com Pedro Nascimento Cabral, ganhou as eleições para a Câmara Municipal, com 48,76%, sendo que o PS, com André Viveiros, obteve 37,33%.
Esmiuçando, num universo de 65200 eleitores, votaram 28834, sendo que o PSD conquistou a confiança de 14059 (elegeu o Presidente e 4 Vereadores) e o PS de 10763 (manteve os 4 Vereadores que alcançou em 2017), ou seja, uma diferença de 3296 votos, quando muitos profetizavam uma hecatombe.
Inquietante, nomeadamente no concelho de Ponta Delgada, que, infelizmente, não deu azo a qualquer tipo de ação em concreto, foi a abstenção que se verificou nestas eleições, porquanto 36366 eleitores não tiveram qualquer tipo de motivação para votar, sendo que, verificamos, ainda, 659 votos brancos e 298 nulos.
É urgente olhar para esta inquietante realidade. É imprescindível robustecer a participação social na política.
Na Assembleia Municipal, o PSD conseguiu 14 mandatos, o PS 11, perdendo 1 para a Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda 1 mandato. Numa coligação “camuflada” temos 2 Deputados Municipais na bancada do PSD, mas que, na realidade, são conhecidos publicamente como militantes/simpatizantes do CPS-PP.
No que respeita às Juntas de Freguesia, o PSD conquistou 11, o PS 11 (perdeu 3 em relação a 2017: Ajuda da Bretanha, Ginetes e Santo António e ganhou 1: Fajã de Cima), o Movimento Santa Clara Vida Nova manteve a correspondente Junta de Freguesia e na Candelária venceu o Grupo de Cidadãos “Sempre Candelária”.
O PS apresentou-se às eleições autárquicas num momento particularmente penoso, onde tentava reencontrar-se, após as eleições para a Assembleia Legislativa Regional de 2020, nas quais saiu vitorioso, com 39,13% contra 33,74% do PSD, não almejando, porém, formar governo, uma vez que toda a direita regional (PSD, CDS-PP, PPM, IL e Chega), conseguiram alcançar uma maioria de governação.
Não obstante, o PS, em Ponta Delgada, desenvolveu uma campanha eleitoral (na qual tive o orgulho e privilégio de ser Diretor de Campanha), digna e transparente, com sentido de responsabilidade, apresentando as suas propostas e discutindo-as com a sociedade. O programa que o PS apresentou aos eleitores, contém projetos inovadores e progressistas, que podem catapultar Ponta Delgada, e naturalmente os Açores, para um patamar europeísta. A campanha eleitoral decorreu com grande elevação, com muitos apoiantes e iniciativas, das quais destaco a visita a diversos sectores, nomeadamente, da lavoura, culturais, empresariais e sociais, e, para aqueles mais distraídos, é de destacar a apresentação dos candidatos autárquicos, onde esgotamos o salão da Cooperativa Agrícola do Bom Pastor nos Arrifes e o encerramento da campanha, com a presença do Primeiro-Ministro António Costa, onde exaurimos a capacidade do auditório do Conservatório Regional.
O candidato do PSD, Pedro Nascimento Cabral, ao longo da campanha eleitoral afirmou que o seu compromisso era “servir” a população de Ponta Delgada, que queria erguer o Município para novos limiares de desenvolvimento, apresentando “grandes” propostas, das quais, em diversos momentos, destacou três: programa de apoio ao arrendamento comercial na cidade de Ponta Delgada, o qual, alegadamente, tinha como objetivo estimular a abertura de espaços que se encontram encerrados ou devolutos; programa de descentralização dos serviços da Câmara Municipal, abrindo representações em determinadas freguesias; SCUT para permitir aproximar os Mosteiros do centro da ilha.
Nenhuma destas ditas “grandes” promessas viram a luz do dia, ou então estão algures num gabinete escuro para que ninguém as contemple.
Ao invés de elevar o Município, como tanto clamou, o PSD, com Pedro Nascimento Cabral, no último ano, obsequiou a população de Ponta Delgada, com uma série sucessiva de algazarras, que em nada dignificam a nossa cidade e freguesias.
Ele foi a confusão nas obras do Calço da Furna; o caos do fecho das ruas no centro histórico da cidade, sem ouvir as pessoas e os comerciantes; foi a ainda inexplicável situação da suspensão das obras do Mercado da Graça; foi a estranha sugestão, feita em plena Assembleia Municipal, de transferir os comerciantes do Mercado da Graça para o Campo de São Francisco; o ataque inexplicável à Presidente da Assembleia Municipal e ao executivo que aquela liderou; é a ausência de comunicação com as pessoas e sector empresarial; são os matagais suspensos em edifícios devolutos no centro histórico da cidade (propriedade de particulares e até da própria Autarquia); é a insegurança, falta de limpeza e mendicidade no centro da cidade, conforme alertou recentemente a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada; a trama, lastimavelmente, prossegue.
E ainda não estávamos refeitos do teleférico da Rocha da Relva e do parque de estacionamento subterrâneo no Campo de São Francisco, sonhados por Berta Cabral.
Trapalhada é a palavra que qualifica este último ano de governação municipal em Ponta Delgada.
Ponta Delgada merece uma melhor realidade, outra atenção e cuidado, mais sustentabilidade, inclusão e emprego.
Ponta Delgada não pode continuar a servir de trampolim para outros voos, nem pode continuar a ser alvo de políticas erráticas.