Opinião

Caladinhos

Entenderam PSD, CDS-PP, PPM e CHEGA barrar o acesso ao esclarecimento de um assunto tão sério como o das Agendas Mobilizadoras. Entenderam os senhores deputados destes partidos, que depois de inúmeras audições, gravações, transcrições e declarações o melhor que havia a fazer era arrumar, bem arrumadinho, todo este processo numa gavetinha, bem escondidinha, dos olhos e dos ouvidos de toda a gente. Falar dele o menos possível e ver se a “coisa” passava assim, sem grande alarido, porque (afinal) o que importa mesmo é manter as aparências e depois logo se verá até onde vai o barco…
O chumbo do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito à Operacionalização das Agendas Mobilizadoras, por parte do PSD, do CDS-PP, do PPM e do CHEGA e todos os episódios que lhe sucederam com comunicados a falar de tudo, menos do assunto, procurando a todo o custo (e bastante) esforço desviar as atenções das observações do Partido Socialista dos Açores, é prova disso mesmo.
Uns ficaram estupefactos com a tomada de posição do PS; outros estão preocupados com os caminhos que o PS percorre(?), enquanto (ainda) outros assobiam para o lado, como se não fosse nada com eles.
É mais um tique desta governação repartida. Uma espécie de estratégia dos caladinhos. Veja-se, por exemplo, o caso do atual Presidente do Governo dos Açores, arauto da humildade democrática, da transparência e do diálogo. 
Qual foi a maior preocupação do Presidente do Governo Regional dos Açores, dois dias depois deste episódio de total desrespeito pelo Parlamento dos Açores e, por todos aqueles que, de uma forma ou de outra, participaram nas reuniões da Comissão Parlamentar de Inquérito?
Declarar – a partir de São Jorge – que: “Somos uma sociedade que em geral é xenófila, isto é, gosta de acolher o estrangeiro e não tem laivos de perseguição racista. (…)”
Se tudo isto não fosse tão sério, dava uma boa piada.