Nos Açores é indiscutível a importância dos fundos comunitários. No último quarto de século, os Açores deram um salto e andaram para a frente. Em muitas áreas.

Isto foi particularmente notório na Agricultura, onde passámos de uma agricultura de ‘sacho na mão’ para uma agricultura mais moderna, mais organizada, com ganhos de rentabilidade e com a ambição de sonhar mais alto.

Até 2020, a Agricultura Açoriana convergiu com o setor a nível nacional, em alguns casos, mesmo a nível europeu. É claro que nunca poderemos competir pela quantidade, mas é indiscutível que a nível da qualidade estamos entre os melhores.

Para continuarmos assim precisamos de fundos comunitários! De uma boa execução de fundos comunitários, para que se consiga impulsionar as explorações agrícolas, principalmente as mais pequenas. O seu papel é fundamental para gerar valor, para diminuir o desemprego e para fixar pessoas nas zonas mais despovoadas, promovendo o desenvolvimento rural.

Em tempos, o Secretário Regional da Agricultura, António Ventura, quando não tinha ainda responsabilidades governativas, defendia isso mesmo, dizendo “No Milk, no People”, algo como “não produzindo leite, desertificamos”. Mas agora, que tem em mãos o poder de fazer melhor, o que se vê é que não o faz. Fala muito, mas faz muito pouco.

E os números não mentem: só entre 2014 e 2020, os Governos Regionais da responsabilidade do Partido Socialista colocaram à disposição da Agricultura Açoriana 270 milhões de euros de fundos comunitários, enquanto que este Governo de direita, em dois anos de governação, apenas colocou à disposição da Agricultura Açoriana 2 milhões de euros de fundos comunitários.

Nesta crise que teima em persistir, com o disparar de preços dos combustíveis, dos adubos e das rações, quando encaramos um futuro incerto, impõe-se, mais do que nunca, que quem nos governa seja capaz de executar os fundos comunitários de forma rápida, rigorosa e transparente.

Não basta ter os fundos, é preciso colocá-los ao serviço dos Agricultores Açorianos. Com seriedade e rigor na comunicação dos números. Porque a um Governo cabe ser sério e responsável.

A Agricultura Regional não pode perder as oportunidades que outros aproveitam. O Governo Regional tem de se organizar, tem de abandonar a retórica e fazer mais. Fazer muito mais!

Só jogando com os nossos pontos fortes, aproveitando verbas comunitárias e melhorando toda a cadeia do produtor ao consumidor, é que conseguiremos dar a volta a – mais – esta crise.

Os Agricultores Açorianos precisam de estabilidade, de esperança e de confiança. E de um Governo que lhes permita acreditar no futuro.