Opinião

Uma saúde doente e instável

Nas demonstrações financeiras, referentes ao 3.º trimestre de 2022 das empresas do Setor Público Empresarial Regional, é possível constatar que relativamente aos três hospitais, em relação ao período homólogo, há uma degradação dos resultados operacionais, em termos agregados, em 13,4 milhões de euros.

No que se refere aos resultados líquidos, em relação ao 3º trimestre de 2021, estes agravam-se em 13,6 milhões de euros.

E no que concerne ao passivo dos três hospitais, desde o início do ano, este aumentou 20 milhões de euros e a dívida a fornecedores aumentou 12 milhões de euros, repito: 12 milhões de euros - quase 1,35 milhões de euros por mês.

Dirão alguns que o PS não tem legitimidade alguma para falar em dívidas na saúde.

Enganam-se.

Tem toda.

Tem toda a legitimidade porque foram os partidos que formam e suportam este Governo que se comprometeram a fazer mais e melhor e não o estão a fazer.

O montante da dívida a fornecedores no 3º trimestre de 2022 é semelhante à verificada no ano de 2019, representando, assim, um evidente e incontornável retrocesso.

Dirão ainda alguns, os que apoiam este Governo de coligação, como que para desculpar a manifesta incapacidade de fazer mais e melhor, que a "herança" deixada é de tal modo "pesada" que em consequência disso a saúde "não tem ponta por onde se lhe pegue".

Tal não corresponde à verdade.

O que estamos a assistir é a uma clara irresponsabilidade política convertida em irresponsabilidade orçamental e financeira que está e irá condicionar em muito o Serviço Regional de Saúde.

Não foi só a dívida a fornecedores que aumentou e os resultados operacionais e líquidos dos três hospitais se agravaram.

Com este Governo, em dois anos, a dívida às Casas de Saúde aumentou em mais de 50%.

A dívida às Casas de Saúde aumentou em mais de 50% ascendendo atualmente a 6,5 milhões de euros.

De nada valem as mentiras veladas de supostas dívidas "na gaveta" e "não reconhecidas".

A desfaçatez deste Governo é evidente e os Institutos que gerem as Casas de Saúde já alertaram que a situação atual é insustentável.

Depois de se ter vendido a ideia durante estes últimos dois anos que "os maiores orçamentos de sempre da saúde" iriam resolver o "problema crónico" do subfinanciamento do setor, nestes dois anos os maiores orçamentos de sempre trouxeram um agravamento dos resultados.

Com mais dinheiro fez-se pior.

E agora?

Agora nada parece impedir este Governo de prometer mais a tudo e todos com menos para tudo e todos.

Com a dívida a aumentar, os resultados operacionais e líquidos a agravar e com uma redução do orçamento para 2023, embandeirando-se em arco o "endividamento zero", nada parece consciencializar este Governo de que não é viável continuar a prometer tudo e a todos.

Este é, assim, um Governo de ficção e de inverdades.

Um Governo mais preocupado em sobreviver politicamente do que em governar responsavelmente.

Em fim de ano antecipam-se para 2023 problemas sérios para os quais urgem soluções responsáveis.

Votos de Boas Saídas e Melhores Entradas.