Quem segue com atenção a política açoriana não pode deixar de se questionar. Durante anos, o tema do endividamento público andou no centro do debate público. Líderes partidários, comentadores, presidentes de câmaras do comércio, jornalistas, antigos membros do governo, editorialistas, cronistas, enfim, um conjunto muito apreciável de personalidades manifestou, por diversas vezes, preocupação com as finanças públicas regionais. O peso do endividamento público suscitou aceso debate num contexto em que o País e a Região Autónoma da Madeira sofreram uma intervenção externa e, recorde-se, a dívida açoriana era a única que cumpria o limite imposto pelas regras europeias (inferior a 60% do PIB), mesmo com o impacto da pandemia. Sucede que nos últimos dois anos a dívida pública da Região aumentou mais de 500 milhões de euros. Estamos hoje mais pobres e mais endividados e o clamor de outrora deu lugar a um silêncio ensurdecedor. O problema, obviamente, não é o facto de se ter debatido e escrutinado a dívida pública no passado. O mistério é não o fazer agora, pelo menos com a mesma exigência de antes, quando ela aumenta a um ritmo muitíssimo superior.