O governo regional dos Açores assinou com pompa e circunstância, com diversos parceiros sociais e em direto na RTP-A, um Acordo de Parceria Estratégica para os próximos cinco anos.
Para quem conseguiu aceder ao documento, ainda ontem de manhã não era possível encontrar a versão final em nenhum site do governo, a leitura do texto gera uma enorme deceção.
Os dois aspetos mais salientes do documento são a elencagem de medidas já em execução ao longo dos últimos anos e a ausência de medidas concretas que permitam perceber como se atingirão os objetivos anunciados. Tal como o inferno, o referido Acordo está cheio de boas intenções.
Qualquer documento de parceria estratégica tem obrigatoriamente de projetar três atributos incontornáveis: estabilidade, previsibilidade e confiança. Estabilidade é algo que a atual solução governativa de coligação nunca assegurou, basta lembrar que o atual executivo perdeu os apoios parlamentares que lhe garantiam a maioria. A previsibilidade não é assegurada pela atual redação do documento, falta detalhe e rigor nas medidas a desenvolver e além disso estamos, no máximo, a um ano de eleições – o governo comprometeu-se com um horizonte temporal que não domina. E finalmente a confiança, perante a falta de estabilidade e ausência de previsibilidade o documento fica seriamente comprometido quanto à sua credibilidade.
A única interpretação possível para a iniciativa em causa é o receio do governo em ir a eleições no início do próximo ano, por eventual chumbo do seu orçamento em finais de novembro. É perante essa circunstância que uma empresa de marketing recomendou ao PSD que criasse “pontes para o futuro”. É isso que justifica os outdoors do PSD com “O Nosso Presidente” e o agora famigerado Acordo de Parceria.
O PSD está em modo de campanha eleitoral preventiva, procurando prometer o que não tem condições para cumprir, fazer o que não sabe e atingir o que não pode. O Acordo de Parceria não passa de propaganda.