A capacidade de solucionar os graves problemas financeiros e estruturais do Grupo SATA degradou-se acentuadamente em finais de 2020. Nessa altura, formou-se um governo de coligação de direitas nos Açores, chefiado pelo PSD, cujo grande desígnio foi afastar o PS da governação e culpabilizar os socialistas pela “pesada herança”.
A solução adotada virou o PSD à direita, o que implicou a rutura no relacionamento entre os dois maiores partidos dos Açores. Esta preocupante realidade impede que se resolvam vários problemas de fundo que atingem a nossa Região e que carecem de soluções que exigem o consenso entre o PSD e o PS.
Não estamos mais nos anos 80 ou 90 do século passado, em que o partido do governo podia insistir na autossuficiência e impor as suas medidas. Nesses tempos as soluções eram boas ou más, mas as coisas seguiam em frente. Os tempos agora são outros. Nas questões de fundo não há margem de erro. Uma má solução pode representar danos irreparáveis ou mesmo o colapso.
As graves crises que assolam as finanças públicas regionais e o Serviço Regional de Saúde são dois exemplos claríssimos da necessidade de um “pacto” entre os dois principais partidos dos Açores. O caso da SATA é ainda mais urgente.
O PSD e o PS não podem ter receio de entender-se por temerem o Chega a correr por fora. Não resolver questões de fundo dá força aos populistas. 
Em 2021 um ex-presidente da SATA afirmou que a Azores Airlines viveria uma viragem em 2023 e teria resultados positivos em 2024. Há dias ficamos a saber que a empresa teve no primeiro trimestre do corrente ano um resultado líquido negativo de 25,6 milhões de euros, pior que o período homólogo do ano anterior. Há ainda a acrescentar um processo de privatização falhado e uma administração quase toda demissionária há um mês, sem que o presidente do governo nomeie uma nova equipa de gestão.
A forma como o governo regional está a gerir o dossiê da SATA é revelador da mais absoluta incompetência e de total incapacidade de liderar e de decidir. Ainda será possível salvar a SATA?