Opinião

Melhor do que nada?

A mobilidade aérea dos açorianos é, desde sempre, uma preocupação do Partido Socialista, relacionada que está com outros fatores, que também são muito importantes, como seja, por exemplo, a coesão territorial.
É, por isso, que o debate que se instalou na sociedade açoriana a propósito da criação de um teto máximo de 600 euros, imposto pelo atual Governo da República, não pode (nem deve) ser visto, analisado e debatido como coisa de somenos importância, ou como contingência que “o mercado depois vai regular”, como afirmou o Presidente do Governo, em entrevista recente à RTP/Açores.
Essa atitude de passividade não pode servir os Açores. Parece que aquilo que o Governo dos Açores não quer é enervar os companheiros do Governo da República e, por isso, lá vai desenvolvendo um discurso do tipo “melhor do que nada”.
Só isso pode explicar a reação efusiva dos congressistas sociais-democratas, quando no encerramento do 26.º Congresso do PSD/Açores, o anúncio de desconto de 15 euros nas passagens de ida e volta ao continente, fez levantar os congressistas, que aplaudiram a benesse, efusivamente! Por momentos, até nos podíamos esquecer da existência do teto máximo de 600 euros, que fará com que os residentes nos Açores, pela primeira vez desde a liberalização do espaço aéreo, possam ter de pagar muito mais para ir ao seu país! Ou até que nos esquecêssemos, que a posição unânime do Parlamento dos Açores, foi de voto contra a Portaria do Governo da República!
Pelos vistos, a boa memória não é um forte do atual Governo dos Açores, que já deixou cair a ampliação da pista do aeroporto da Horta, as obras da Cadeia de Apoio da Horta, a solução provisória para a sobrelotação da cadeia, em Ponta Delgada, ou até a sempre tão reivindicada, descontaminação dos solos e aquíferos na ilha Terceira.
Agora, a passividade é tanta, que até já nem questionam a abertura do concurso para as OSP para as rotas não liberalizadas do Pico, Santa Maria e Faial, nem questionam o valor inscrito no Orçamento; nem sequer reclamam pagamentos à SATA.
É suficiente (para todos eles) que o Primeiro-Ministro diga, como disse quarta-feira passada que “Há um compromisso sério deste Governo em aprofundar a autonomia do poder regional” e não diga mais nada.
Será que também acham que a Autonomia é qualquer coisa que o mercado regulará? Esperamos que não. Cá estaremos para dizer que não, não é, não pode ser, nem será!