Opinião

A Nova "Era"

I. EUA
Foi empossado o 47º Presidente dos EUA, Donald J. Trump. Renascido, revigorado e enraivecido politicamente, o retornado Presidente expôs logo ao que vinha: deportações em massa, mais e maiores tarifas comerciais, retração do Acordo de Paris, isolacionismo, revanchismo e inclusive novas ambições territoriais, são os pilares essenciais da nova doutrina republicana.
A nova "Era" que Trump promete para a América soa, por isso, muito mais a uma era do passado, de isolacionismo, de cultura política persecutória e dogmatismo ideológico, em detrimento do conhecimento, da ciência, do humanismo.
Mas o risco maior, desta vez, parece ser o alinhamento com esta agenda dos oligarcas tecnológicos. Não haja ilusões: 20 de janeiro de 2025 marca o início de um novo ciclo pautado pela intolerância e pelo declínio dos valores humanistas e solidários.

II. Portugal e Açores

A ameaça da deportação de milhões de imigrantes ilegais nos EUA impende também sobre a comunidade portuguesa, maioritariamente de origem açoriana.
É naturalmente bem-vinda a preparação de planos de contingência que possam precaver essa eventualidade futura. Mas, também aqui, o que se exige das autoridades nacionais e regionais é um amplo esforço diplomático, autónomo, mas coordenado, assente na histórica relação para advogar um tratamento próprio e distinto.

III. RUPs

Esta semana tive a oportunidade de reunir com a Presidente da Reunião, Hugette Bello, que detém a Presidência da Conferência dos Presidentes das Regiões Ultraperiféricas. Foi uma ocasião importante para reforçar a coordenação e assegurarmos uma maior cooperação na defesa do estatuto da ultraperiferia no quadro da Política de Coesão, Agricultura, Pescas e Pacto para os Oceanos, Transportes e desenvolvimento económico, bem como a transição energética, infraestruturas críticas e proteção face às alterações climáticas.
Devemos tudo fazer para garantir a salvaguarda das especificidades das RUP em cada uma destas políticas e dos mecanismos financeiros a ela adstritos, mas temos também de reforçar a solidariedade, a coesão e a coordenação entre todas as RUP para garantir um mais amplo conhecimento das nossas realidades, maior cooperação a nível europeu e a valorização dos nossos territórios, população e setores produtivos.

IV. Vinho e Vinha
Uma nota para a publicação das recomendações do Grupo de Alto Nível sobre Política Vitivinícola para o futuro do setor, que tivemos oportunidade de debater no Parlamento Europeu. O sector da vinha e do vinho tem, em Portugal, um papel essencial na fixação das populações e na vitalidade económica das zonas rurais e, nos Açores, regista um crescimento que importa apoiar. É, por isso, imperativo garantir o devido apoio aos produtores e às comunidades rurais para que possam enfrentar as dificuldades que o sector atravessa.

V
Foi notícia esta semana que há empresas de transporte de alunos que deixaram de prestar o serviço porque o Governo Regional não paga. A semana passada, foi notícia de que estavam atrasados os pagamentos, também por parte do Governo Regional, das bolsas de estudantes deslocados. Houve mesmo notícia de alunos deslocados que não passaram o Natal em casa por falta desse pagamento. Enquanto isso, o Governo enleva-se no autoelogio, imune aos efeitos perniciosos da sua gestão que penaliza famílias e empresas. Já agora, no meio dos milhões perdidos do PRR nas agendas mobilizadoras, nas verbas da linha de capitalização das empresas a acabar, dos concursos anulados uns atrás dos outros, para além de sucessivos atrasos (muitos irrecuperáveis) na execução financeira, alguém terá ideia do quanto a Região já perdeu fruto da (in)ação deste Governo Regional? Outra pergunta cuja resposta seria útil: quantos milhões afinal deve o Governo Regional em atraso à economia privada, em apoios, pagamentos de serviços, etc, que ficam meses parados?