O líder socialista defendeu que a Autonomia “precisa de novas fronteiras para o aprofundamento da administração e da representação dos interesses dos Açores pelos próprios açorianos.”
O Presidente do PS/Açores quer que os próximos quatro anos constituam “um novo ciclo, marcado pela afirmação da Autonomia regional, com a regionalização responsável dos serviços da administração central, e não com a desresponsabilização do Estado na Região.” Estes propósitos foram defendidos por Carlos César na noite de terça-feira, num comício que juntou largas centenas de pessoas na cidade da Ribeira Grande e que contou com a presença do Secretário-Geral do Partido Socialista, engenheiro José Sócrates.
Na altura, o líder socialista defendeu, “uma solidariedade nacional económica e financeira mais forte, baseada na lei e na equidade e não em humilhantes ofertas ocasionais de perdões de dívidas ou anúncios de caridades.”
Segundo César, o passado político da Região atingiu um estado de maturidade que não se compadece com medidas avulsas apresentadas como favores da República. “Os Açores já não têm idade para ter uma Autonomia de favores”, afirmou o Presidente do PS/Açores, para logo acrescentar que “os Açores querem uma Autonomia de direitos e de valores.”
“Não precisamos de pedir favores, não precisamos de hipotecar a administração dos Açores às facilidades de acesso aos telemóveis dos membros do Governo da República”, disse Carlos César, respondendo aos argumentos que têm sido insistentemente esgrimidos pela Coligação Açores e que, segundo o líder socialista, evidenciam bem as diferenças entre o projecto do PS e o da Oposição. Como afirmou César, de um lado estão os socialistas, “a lutar pelos Açores”, e do outro “a Coligação, por sua opção, tirando o chapéu e obedecendo em permanência a Lisboa.”
O caso que envolveu a saída de Marcelo Rebelo de Sousa – recebido nos Açores como “amigo” e mais tarde “esquecido” e “exorcizado” pelos partidos da Coligação – do seu lugar de comentador da TVI é bem ilustrativo, para César, da postura da “Coligação de obediência a Lisboa.”
“A virtude para os Açores não está no candidato da Coligação ter o número de telemóvel do Primeiro-Ministro ou dos membros do Governo da República. O problema para os Açores da Coligação está sim no Primeiro-Ministro e nos ministros terem o número de telemóvel do líder regional da Oposição”, disse ainda Carlos César, para quem votar PSD/PP seria “copiar para os Açores o que o Governo da Madeira diz que é uma fantochada.”
Antes da intervenção do Presidente do PS/Açores, o Secretário-Geral do Partido Socialista, José Sócrates, usou da palavra para explicar a principal razão do seu apoio a Carlos César e desta deslocação aos Açores. “Os socialistas merecem esta vitória porque se apresentam nestas eleições com o melhor que um partido e um político pode apresentar: com obra feita”, disse José Sócrates.
Sócrates disse mesmo que o líder socialista açoriano é hoje “um dos melhores políticos portugueses”, que “deu mostras de ser um grande governante deste País”, e que o trabalho desenvolvido nos últimos anos pela governação do PS “honra o Partido, dignificou as instituições democráticas nos Açores a prestou um grande serviço à Região.
Naquele que foi o seu primeiro comício como novo Secretário-Geral do Partido Socialista, como notou o Presidente do PS/Açores, José Sócrates criticou o “corrupio de ministros da República e de secretários de Estado” nos Açores neste período de pré-campanha.
“Se eles pensam que o Governo da República os vai ajudar, desenganem-se. O Governo da República já não está em condições de ajudar ninguém. O Governo da República bem precisa é que o ajudem a eles”, afirmou o engenheiro José Sócrates.
“Que triste espectáculo o Governo da República dá quando pretende convencer os açorianos de que ajudaria mais o Governo Regional se fosse da sua cor”, afirmou ainda o Secretário-Geral do PS, que, no entanto, manifestou a sua convicção de que “os Açores não aceitam chantagem de ninguém, e muito menos do Governo da República.”
Para José Sócrates, com o actual Governo da República, “a política em Portugal mudou da obsessão do combate ao défice orçamental para a obsessão pela campanha eleitoral”, numa atitude que demonstra que “o Primeiro-Ministro subordina toda a sua acção governativa a um único objectivo, o de garantir votos.
“Agora ouço dizer que o senhor Primeiro-Ministro, tendo obrigação de apresentar o Orçamento Geral do Estado até ao próximo dia 15 deste mês, pretende apenas apresentá-lo na segunda-feira, a seguir às eleições, porque tem medo de revelar a parte má desse Orçamento”, disse ainda José Sócrates.