Intervenção do presidente do Governo na SINAGA

PS Açores - 6 de novembro, 2006
Intervenção proferida ao princípio da noite de hoje, em Ponta Delgada, pelo presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, na cerimónia comemorativa do centenário da empresa industrial de produção de açúcar SINAGA: “Ao assumirmos responsabilidades de governo nos Açores, há dez anos, estabelecemos para o sector agrícola e para as agro-indústrias regionais um conjunto de orientações e de objectivos visando reposicionar a agricultura açoriana como sector influente no processo de desenvolvimento económico e social da Região. Mercê dessa aposta, concretizada através de múltiplas medidas e de um crescente e significativo volume de recursos financeiros canalizado para esses fins, recuperámos atrasos importantes, modernizámos e regenerámos a actividade dos agricultores e, bem o podemos dizer, reabilitámos e salvámos várias indústrias transformadoras da Região que se confessavam à beira da rotura ou com os seus dias contados. Acompanhando e comparticipando o investimento privado modernizador que se tem verificado um pouco por todas as nossas ilhas, o Governo, nestes últimos dez anos, empenhou-se fortemente na infra-estruturação a montante e a jusante do sector agrícola, favorecendo, desse modo, melhores condições nos desempenhos produtivos e da transformação. Estas novas oportunidades, que surgiram e que se abrem, porém, só serão plenamente aproveitadas se os agentes beneficiários em causa acreditarem na sua actividade e nas suas empresas, procurando a gestão mais rigorosa, o valor da credibilidade nos mercados, tornando-se também mais competitivos e atentos nos requisitos para a sua sustentabilidade futura. Empresas, ainda que centenárias, como a SINAGA, não escapam a essas exigências que incorporam todo e qualquer projecto de sucesso empresarial. Assim, empresas e governo, empresários e governantes, podem manifestar, é certo, a sua satisfação pelo caminho percorrido, mas devem compreender que esta ainda não é a ocasião de parar para recolher os benefícios mas sim a altura para decidir continuar com o sentido da responsabilidade e o espírito empreendedor. É o que fazemos no governo. É preciso continuar. Continuar o esforço de apoio às boas iniciativas, ao estabelecimento de parcerias enriquecedoras do nosso conhecimento e desempenho, ao redimensionamento empresarial e de mercado, à diferenciação produtiva e à inovação, a todos os factores considerados essenciais à valorização das produções e dos produtos agrícolas e, bem assim, à justa compensação daqueles que trabalham e investem na agricultura dos Açores ou nas suas indústrias. Se ter a responsabilidade de governar uma Região é uma tarefa exaltante – e, para quem o faz com entrega, acima de todas as outras! –, fundar, gerir, modernizar e consolidar uma empresa deve ser não só motivo de orgulho mas razão de responsabilização social. Nos tempos de hoje, felizmente, os que governam não o fazem no seu exclusivo critério e sem prestar contas, e os que são donos ou gestores de uma empresa não respondem apenas perante si mesmos. É desse modo que, na economia como nas relações sociais, todos dependemos uns dos outros. Pela parte do Governo continuaremos a agir para proporcionar condições objectivas para a sustentabilidade do nosso tecido agro-industrial, bem como das suas capacidades exportadoras, e incentivando a criação ou reabilitação de algumas empresas tradicionais, que ainda não se modernizaram mas que representam, ou podem representar, boas oportunidades para uma diversificação planeada da base produtiva regional. Ao longo dos 100 anos que agora comemora, a SINAGA e as sucessivas gerações que lhe deram contributo de trabalho ou de investimento, souberam resistir e ultrapassar várias dificuldades, como as resultantes do condicionamento industrial de outros tempos ou como a nova regulamentação dos mercados. Todos continuamos a pensar que a SINAGA tem ainda muito para dar à economia dos Açores, quer por via do emprego directo e indirecto que gera e pode continuar a gerar, quer como expressão da diversificação produtiva regional. É por isso que, não sendo nem lhe competindo ser responsável pelas opções de gestão da SINAGA, o Governo dos Açores tem desenvolvido, em articulação com a administração da empresa, um conjunto de diligências que se têm mostrado necessárias e oportunas para ajudar a debelar alguns estrangulamentos à sua actividade. Refiro-me, entre outras, ao apoio concedido à cultura de beterraba, ao desenvolvimento de serviços agrícolas próprios e especializados, às soluções encontradas no âmbito do POSEI ou, até, à constante afirmação política do seu interesse e relevância para a economia dos Açores junto de múltiplas instâncias de natureza decisória e a pretextos diversos. Sei que a vida empresarial da SINAGA não é fácil também em consequência da sua sazonalidade de funcionamento e da existência simultânea de custos fixos e permanentes. Mas também sei, como sabem os responsáveis da SINAGA, que aos elevados custos de exploração haverá que contrapor investimento modernizador, promotor de maior racionalidade e eficiência e da ampliação da sua actividade. Neste particular, aguardamos a apresentação de um projecto, já anunciado, na área da produção hortícola e do mercado de verdes, bem como o desenvolvimento das intenções na área dos combustíveis onde o reforço da produção de álcool pode representar uma interessante alternativa. Surgindo esses projectos, verificada a sua viabilidade e conformidade legal e encontrando-se a empresa em situação de cumprimento das suas obrigações, pode o seu Conselho de Administração contar com o nosso apoio efectivo e entusiástico. Inaugurámos, igualmente, há bocado o Museu que pereniza a memória de um património centenário de laboração industrial, de práticas e de contextos, de homens engenhosos e gerações de trabalhadores, num período que abarca ciclos e importantes mudanças da economia açoriana e das suas envolventes externas. Os nossos desejos, hoje, são, certamente, os de que esta Fábrica do Açúcar, que era destilaria de álcool, continue, por muitos e bons anos, a ser espaço de inovação, de criação, de produção e de emprego, sempre adaptado aos tempos que virão e sempre contribuinte da valorização e do desenvolvimento dos Açores. Parabéns, bom trabalho e boa sorte”. GaCS/JSF