O presidente do Governo Regional dos Açores pôs, hoje, em causa, a forma encontrada pelas autoridades das Bermudas para “expurgar” o problema da imigração ilegal, destacando a “ferocidade de que se reveste a metodologia” usada.
Carlos César reconheceu, porém, que o mecanismo da expulsão constitui um recuso usado pelos países, incluindo os da Europa, e nomeadamente Portugal, para combater a imigração ilegal.
Em declarações às estações de televisão SIC e TVI, a propósito da decisão do Governo das Bermudas de premiar quem denunciar situações de emigração ilegal no arquipélago, o chefe do executivo regional reconheceu que uma tal medida pode prejudicar a comunidade açoriana localmente estabelecida, estando pouco conformada com princípios de humanidade.
O chefe do executivo sublinhou o facto de a comunidade com origem nos Açores representar cerca de 25 por cento da população das Bermudas e destacou o seu particular contributo para o desenvolvimento do arquipélago.
O peso e o papel da comunidade açoriana foi reconhecido pelas autoridades locais durante a visita que há cerca de um ano e meio realizou às Bermudas, recordou Carlos César, indicando que a corrente emigratória dos Açores para esse arquipélago do Atlântico Norte, iniciada em meados do século XIX, tem registado um crescendo nos últimos anos, ao contrario do que acontece para outros destinos.
Os emigrantes açorianos que viajam para as Bermudas mediante o estabelecimento de contratos de trabalho são, na sua maioria, carpinteiros, pedreiros e jardineiros, explicou.
Carlos César disse, ainda, ter alertado para a especial situação dos emigrantes portugueses no arquipélago e para o facto de o consulado de Portugal há muito não estar a funcionar com regularidade e normalidade em cartas dirigidas há dois anos ao presidente da República e ao primeiro-ministro, adiantando “não ter visto que essa preocupação tenha merecido o adequado tratamento”.
Segundo indicou, conversou hoje com o secretário de Estado das Comunidades sobre a matéria, ficando decidido o envio de um funcionário para o Consulado de Hamilton e um apuramento detalhado da situação.
Carlos César destacou, ainda, a decisão de Lisboa de nomear um cônsul honorário para as Bermudas e de reforçar os meios do Consulado de Hamilton no quadro da revisão da rede consular portuguesa.
GaCS/AP