O presidente do Governo dos Açores anunciou, hoje, o estabelecimento de protocolos com o Ministério dos Negócios Estrangeiros que permitam a prestação, pela estrutura diplomática portuguesa, de serviços especialmente direccionados às Comunidades de origem açoriana no exterior.
Em declarações aos jornalistas em Buenos Aires, no termo de uma visita ao Uruguai e à Argentina, Carlos César adiantou que a medida se enquadra nos objectivos de uma política de relações exteriores dos Açores que pretende a consolidação da presença da Região no Mundo e a intensificação das relações do arquipélago com o exterior.
O presidente do Governo açoriano alertou para a necessidade da existência, na Região, de consensos neste domínio, pois importa deixar de ter “uma noção paroquial da Autonomia”.
É preciso afirmar uma “autonomia com identidade e qualidade no Mundo, especialmente onde vivam açorianos ou descendentes de açorianos”, afirmou, ao apontar como outro dos eixos da política de relações exteriores dos Açores o propósito de influenciar a estratégia internacional portuguesa.
Segundo Carlos César, os Açores querem influir na diplomacia nacional para que ela aposte em relações com a América – do Canadá à Argentina – por razões que têm a ver com a geografia, mas, igualmente, com a história.
“Portugal tem um horizonte dirigido para Ocidente”, não devendo confinar a actividade da sua diplomacia a “problemas administrativos ou tecno-jurídicos dos tratados ou das resoluções constitucionais ou internas no seio da União Europeia”, considerou.
Como outras apostas da política de relações exteriores dos Açores, Carlos César apontou o apoio a projectos de investigadores, universidades ou associações que permitam consolidar a presença açoriana no Mundo e a aposta no estabelecimento de laços institucionais entre o Governo e as autoridades dos países em que existem comunidades açorianas.
A Região pretende, ainda, “transmitir estímulos” ao Governo da República para o estabelecimento de relações especiais com os países de acolhimento de açorianos e de privilegiar, aí, a sua representação diplomática.
Neste domínio “não há que ter complexos”, competindo ao Governo Regional a promoção dos açorianos onde quer que estejam, disse, ainda, ao reconhecer que o actual executivo de Lisboa não coloca obstáculos a uma tal intervenção.
Carlos César sublinhou que o próprio primeiro-ministro, José Sócrates, o encarregou de entregar uma mensagem ao presidente do Uruguai, através do ministro das Relações Exteriores.
Durante a sua visita ao Uruguai e à Argentina, o presidente do Governo reuniu-se, também, como o ministro uruguaio do Turismo e do Desporto e participou em variadas iniciativas envolvendo descendentes de açorianos, as mais participadas das quais na pequena cidade uruguaia de San Carlos, a que se associaram delegações de dois estados brasileiros – Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
GaCS/AP