"Presido, uma vez mais, nesta ilha do Pico, a um acto público em que, mais do que a apresentação de um projecto em concreto, pretendemos sublinhar a importância que o Governo atribui ao sector florestal açoriano, relevando a sua indispensável contribuição para o modelo integrado de desenvolvimento dos Açores - dos Açores que queremos, assentes em factores diversificados que reforçam a sua sustentabilidade.
Essa importância, que escapa com frequência ao retrato mais desatento da realidade açoriana, não resulta apenas do sector florestal ocupar cerca de 30% da superfície do território insular, ou de ter uma dimensão qualitativa essencial no âmbito do ordenamento do território e da preservação dos nossos recursos naturais e ambientais, mas, ainda, a de proporcionar componentes produtivas e recreativas crescentes.
Sinalizamos, igualmente, com estes registos públicos, a progressiva concretização das orientações estratégicas que o Governo delineou para este sector, que se materializaram já no regime de protecção florestal, no reforço da fiscalização e dos meios de policiamento e da produção de plantas para os processos de florestação, nos planos de melhoramento ou na criação do Inventário Florestal dos Açores.
Aqui, na ilha do Pico, o Governo está a concentrar os seus esforços na criação de um "roteiro florestal", que se desenvolve numa perspectiva de exploração das múltiplas potencialidades, económicas e sociais, do seu uso e fruição através de uma gestão partilhada e equilibrada.
Desse "roteiro florestal" constarão cinco centros temáticos de divulgação, a criação de três refúgios de montanha nas antigas casas da Guarda Florestal, a elaboração de um itinerário lúdico e turístico de visitação a pontos de interesse florestal e ambiental, bem como a criação de zonas panorâmicas no interior das áreas florestais ou dos percursos delineados.
Com esse objectivo foi criado e inaugurado, em 2005, o "Núcleo da Sede", em S. Roque do Pico, retratando a "evolução histórica dos Serviços Florestais".
No mesmo ano, tendo como referência temática "A Floresta e o Mundo Rural", foi também criado o "Núcleo da Prainha". No ano passado foi disponibilizado o "Núcleo de Santa Luzia", orientado para a evidenciação dos "Equipamentos e infra-estruturas florestais".
Agora, com o projecto que vai ser apresentado, procederemos à requalificação do "Núcleo do Mistério de S. João", integrado nesta Reserva Florestal - a única na vertente sul do Pico - que abordará a relação da floresta com a "Saúde e o Bem-estar" das populações.
Estamos perante uma iniciativa que visa reordenar e dinamizar esta reserva florestal, requalificando o seu espaço e as suas infra-estruturas e equipamentos, e criando outros, potenciando o seu uso como um centro de divulgação florestal, de promoção da prática do desporto e do exercício físico em interacção com a natureza, com componentes adicionais pedagógicas e informativas, sem descurar a melhoria de aspectos como o seu acesso e áreas de estacionamento.
O Projecto do "Roteiro florestal" que estamos a concretizar no Pico, contará, também, com um "Centro de Estudos e Divulgação Florestal", que será instalado na Quinta das Rosas - Madalena. Aproveito, de resto, esta ocasião, para anunciar que o respectivo concurso público de empreitada de construção será lançado ainda no primeiro semestre do corrente ano.
A criação deste centro no Pico reforçará, certamente, a aquisição do conhecimento e do planeamento para a introdução de modernas tecnologias de melhoramento e aproveitamento dos recursos lenhosos, favorecendo a adopção das práticas e técnicas de referência mais exigentes e mais eficazes.
Em toda a nossa Região temos desenvolvido um investimento crescente e continuado nestes domínios. Para o avaliarmos basta lembrar que, nesta última década, foi possível recuperar as mais de duas dezenas de Reservas Florestais de Recreio, que se encontravam votadas ao abandono, e criar outras seis, constituindo, em todas elas, espaços aprazíveis usados e elogiados por todos.
Só no decorrer deste ano o Governo investirá mais de 1,2 milhões de euros em acções de manutenção e de requalificação de alguns parques florestais de recreio, como este do Mistério de S. João e o da Quinta das Rosas, aqui, no Pico, ou como o da Caldeira, na ilha Graciosa, e o das Macelas, na ilha de S. Jorge.
Desde o momento em que assumi a Presidência do Governo, foram florestados mais 1.700 hectares de terras agrícolas marginais, reflorestados cerca de 1.800 hectares de áreas exploradas economicamente e beneficiados mais de 390 hectares de povoamentos florestais, reforçando-se, desse modo, e de forma muito acentuada, a componente produtiva da floresta açoriana e o envolvimento de novos agentes e investidores no sector.
Mas o contributo da floresta açoriana, mesmo o da floresta de produção, não é apenas mensurável pela sua dimensão produtiva, económica ou de protecção. O seu mérito está, inclusive, muito para além do investimento envolvido, das empresas criadas ou do emprego gerado.
A floresta é parte indissociável da qualidade da paisagem ambiental açoriana, incluindo na ilha do Pico, onde tem um lugar indiscutível na sua tipificação, sobretudo nesta fase em que se desenvolvem outros contextos de expansão da economia da ilha e em que se abrem todas as possibilidades de se consolidar como um destino turístico de referência.
Vamos, pois, continuar, investindo na floresta. O reconhecimento que hoje é feito, à escala global, e com revigorado fulgor, sobre a centralidade dos recursos florestais na sustentabilidade do planeta, reconforta as opções de política que temos tomado - opções essas que em muito têm contribuído para a visibilidade e referenciações positivas que os Açores têm merecido nestas áreas, quer por parte de organismos europeus, quer por entidades várias no plano internacional.
Estamos, assim, todos de parabéns por mais este projecto na ilha do Pico. Obrigado".
GaCS/AP/PGR