A vice-presidente da bancada socialista, Catarina Furtado, acusou hoje a representação parlamentar do PCP de estar equivocada em relação a um projecto de resolução seu sobre a interculturalidade, uma vez que nem o próprio percebeu bem o que pretendia com esta iniciativa.
“O equívoco aqui é do proponente (PCP) que não sabe bem se é uma interculturalidade para quem é de fora e aqui é acolhido, ou para as diferenças que existem entre nós”, adiantou Catarina Furtado, que falava no debate parlamentar sobre a matéria.
Segundo a deputada, para o Grupo Parlamentar do PS/Açores a interculturalidade é uma matéria de cidadania e, por isso, uma questão de princípio, que deve ser transversal e não limitada à disciplina de Formação Cívica, que está restringida a 45 minutos.
“Qualquer professor tem o dever de fazer formação cívica e não se limitar aos seus conteúdos”, defendeu a parlamentar do PS/Açores, para quem o Guia de Boas Práticas proposto pelo deputado do PCP constitui uma estigmatização, que “não passa de uma coisa à parte para as diferenças”.
Também no debate do projecto de resolução do PCP, que acabou por não ser aprovado, a deputada Piedade Lalanda considerou que o que está em causa é promover o diálogo intercultural, que não passa só pelos conteúdos escolares.
Nas escolas dos Açores já se verifica o ensino de línguas estrangeiras, lembrou Piedade Lalanda, ao salientar que “não há forma melhor de sustentar um diálogo intercultural do que dominar línguas estrangeiras”.
No mesmo debate participou, ainda, a deputada socialista Cláudia Cardoso, para quem o problema do projecto de resolução do PCP não é a substância, mas sim da forma que assume para atingir um determinado objectivo.
“Este projecto de resolução medra num erro, porque pode, inclusivamente, atingir o exacto contrário dos objectivos que se propõe a atingir”, explicou a parlamentar socialista, ao realçar que não se percebe que se crie um Guia de Boas Práticas que ensine como se deve agir em matéria de interculturalidade.