A Comissão Permanente do PS/Açores não pode deixar de assinalar o desnorte e a falta de rigor que têm caracterizado as últimas afirmações públicas da líder do PSD/Açores: ou apresenta propostas boas que não são originais, ou apresenta propostas originais que não são boas.
1. Na verdade, a líder do PSD não se coíbe de copiar as declarações públicas e as propostas do PS/Açores e do Governo Regional, tomando-as como se fossem suas. Foi, por exemplo, o que tal aconteceu recentemente por ocasião das comemorações do Dia Internacional da Mulher.
Já anteriormente, e de novo durante a inauguração das obras de remodelação do Jardim de Infância “Coração de Jesus” do Patronato de São Miguel, Carlos César apresentou o Programa de Apoio à Iniciativa Privada tornando público estar a decorrer uma reformulação do Regime Jurídico da Acção Social, tendo anunciado exactamente a introdução de obrigações atinentes à responsabilidade social das empresas que passará, entre outros aspectos, pela “obrigação de empresas de determinada dimensão assegurarem de forma apropriada e sempre que possível nas próprias instalações, a vigilância e assistência aos filhos dos seus trabalhadores, creches, bem como espaços com condições adequadas de comodidade e reserva para actividades assistenciais, como por exemplo a amamentação”. Apenas três dias depois, Berta Cabral defendeu que “da mesma maneira que existem contratos e protocolos com instituições que prestam apoio às famílias através de creches e jardins de infância, também podem existir apoios sociais às empresas” para isso. Berta Cabral faz boa figura quando copia o que diz o PS!
O PS/Açores realça ainda a extraordinária mudança a favor da mulher açoriana que decorreu desde que Berta Cabral saiu do Governo e entrou o PS. O processo de afirmação, realização pessoal e inclusão das mulheres tem registado progressos importantes nos últimos vinte anos e o movimento de entrada das mulheres no mundo do trabalho é, sem dúvida, o movimento social mais marcante dos últimos dez anos nos Açores.
2. De igual modo, e de novo como se de ideia sua se tratasse, a líder do PSD propôs “a criação de uma linha de crédito às empresas para regularização de dívidas ao Fisco e à Segurança Social”. O desplante, neste caso, chega a ser inexplicável.
Das duas uma: ou a líder do PSD/Açores desconhece que esse instrumento de apoio às empresas já existe desde 31 de Outubro de 2009, que dá pelo nome de “Linha de Crédito Açores Empresas” e que a sua vigência já foi prorrogada devido ao interesse e procura por parte das empresas açorianas - o que é grave; ou então – o que é mais grave ainda - a Presidente do PSD sabe da existência daquela linha de apoio mas, por falta de ideias originais e de propostas eficazes, decidiu assumir a maternidade de uma medida que não é sua para ludibriar a comunicação social e as pessoas. Compete ao PS, em nome da defesa da verdade, fazer também esta denúncia: a líder do PSD propõe o que já há para parecer que foi dela a ideia!
3. Por outro lado, naquilo em que tentou ser original, a líder do PSD/Açores demonstrou falta de honestidade intelectual e algum desconhecimento sobre matérias que deveria, por formação e pelo seu passado político, dominar melhor.
Aquando da sua visita a uma unidade fabril da COFACO, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, não foi capaz de reconhecer que foi graças à intervenção do Governo Regional na empresa, e aos apoios concedidos à manutenção de postos de trabalho de carácter permanente, que as trabalhadoras viram os seus empregos justamente assegurados e a empresa pode consolidar a sua situação económica. Quando Berta Cabral saiu do Governo em 1996 a COFACO caminhava para o abismo e para fazer perder empregos: agora, graças a uma intervenção do Governo, há uma empresa privada mais sólida, com mais empregos e mais seguros!
Já na sua visita a S. Jorge e nos contactos que aí manteve com o sector cooperativo, a líder do PSD não foi também capaz de se recordar – como seria honesto e até, de certa forma, redentor – do tempo em que, como Secretária Regional das Finanças e Administração Pública da Autonomia velha, deixou falir todo o sistema cooperativo ligado ao queijo de S. Jorge, sem que o Governo de então pudesse investir ou tivesse capacidade, arte ou engenho para encontrar outras formas de resolver a grave situação financeira que se vivia.
Vir agora falar de supostas da responsabilidade do Governo Regional e da necessidade de um saneamento financeiro, quando o Governo do PS concluiu recentemente um processo de reestruturação de todo o sector na ilha, é revelador de uma grande falta de respeito pelos jorgenses que se empenharam com competência na restruturação já concretizada e em curso.
As dívidas e os calotes inundavam o sector queijeiro em S. Jorge no tempo da Dra. Berta, os lavradores não recebiam de nenhuma há meses e anos, e as fábricas apodreciam de velhas. Agora há novas fábricas, o produto foi requalificado e os pagamentos normalizados na maior parte dos casos, e estão em curso alterações no sector da comercialização.
4. A Comissão Permanente do PS/Açores considera, assim, que a responsável máxima pelo PSD na Região deve pensar que não vale a pena falar por falar, aparecer por aparecer, criticar por criticar. Isso pode dar muitas notícias na comunicação social mas não dá crédito a quem, como Berta Cabral, copia sem o dizer, engana sem pudor e desconsidera o que é positivo à vista de todos.
É nestes casos, como em outros, que se vê que nem sempre o que parece é. A publicidade enganosa não compensa.