Depois do debate sobre a paternidade da Autonomia, a líder do PSD Açores quer agora debater a paternidade do apelo ao consenso entre as várias forças partidárias da Região em matéria de revisão constitucional, insistindo sempre em centrar-se no acessório para que não se notem as suas dificuldades quanto ao essencial.
As afirmações que Berta Cabral hoje proferiu, a propósito de uma suposta boa vontade do PSD quanto a um consenso partidário em torno da Autonomia, são categoricamente desmentidas pela votação das duas propostas de resolução, do PS e do PSD, na passada semana, na Assembleia Legislativa Regional.
Enquanto o PS abdicou da parte da sua proposta que se referia à redistribuição das competências que estão atribuídas presentemente ao Representante da República, por forma a unir os restantes partidos, o PSD apresentou um projecto de revisão de cunho marcadamente partidário, repleto de matérias de difícil consensualização e que apenas serviu para dividir a opinião.
Foi por isso que o projecto do PS colheu apenas o voto contra do Bloco de Esquerda, enquanto que a iniciativa do PSD apenas recebeu o voto favorável do PPM.
O PS congregou o empenho de várias forças partidárias em torno da questão da extinção do cargo de Representante da República. O PSD, por seu lado, ao apresentar as conclusões do grupo de trabalho partidário que Berta Cabral tinha criado no dia anterior como se de uma iniciativa parlamentar se tratasse, dividiu a vontade e a disponibilidade dos partidos representados no Parlamento açoriano, enfraquecendo a nossa capacidade reivindicativa e a voz dos Açores em Lisboa.
Ficamos conversados sobre quem é capaz de unir e quem não hesita em dividir para disfarçar o incómodo e a inoperância.
Os Açores não têm culpa que Berta Cabral não tenha previamente articulado posições com os seus deputados na Assembleia da República e que, por isso, tivesse sido surpreendida pelo facto de o deputado Mota Amaral não assinar o projecto de revisão constitucional do PSD.
Os Açores não têm culpa que Berta Cabral não tenha conseguido fazer valer aquelas que diz serem as suas posições sobre Autonomia junto do partido a nível nacional, como já se tinha percebido aquando da apresentação do projecto de revisão constitucional do PSD e se voltou a comprovar com as declarações do líder nacional na sua recente visita a S. Miguel.
Os Açores também não têm culpa, nem podem ser reféns, da necessidade que Berta Cabral sente de se justificar perante a memória e a tradição autonómica do Partido Social Democrata nos Açores.
O PS, prosseguindo o esforço de abertura e congregação de vontades que tem manifestado, está disponível para, no âmbito do trabalho de concertação que a Comissão Permanente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores ficou incumbida de desenvolver, procurar as soluções que possam merecer a concordância do maior número de forças políticas com representação parlamentar.
A Autonomia não precisa de pais, mães ou madrastas. A Autonomia dos Açores precisa de quem a acarinhe, acompanhe e a faça crescer. A Autonomia é uma vocação e um projecto da grande família açoriana!
Comissão Permanente PS/Açores