O Presidente do PS/Açores garantiu, hoje, que não votaria em Cavaco Silva para Presidente da República mesmo que ele fosse do Partido Socialista, alegando o currículo de acções contra os Açores que este candidato apoiado pelo PSD apresenta.
“Se eu fosse do PSD nunca votaria num candidato que tivesse um currículo tão impressivo contra os Açores como tem Cavaco Silva. Se Cavaco Silva fosse do Partido Socialista eu também não votava nele, porque primeiro, nesta eleição presidencial, tem de estar os Açores”, afirmou Carlos César.
O líder do PS/Açores falava na inauguração da sede de campanha da candidatura de Manuel Alegre, uma cerimónia que contou com a presença de algumas centenas de apoiantes e com a participação da coordenadora do Bloco de Esquerda nos Açores, Zuraida Soares, e do Presidente do Partido Democrático do Atlântico (PDA), Manuel da Costa.
Segundo Carlos César, a 23 de Janeiro, dia das eleições, é importante prestar homenagem a Manuel Alegre pela sua coragem e convicção, manifestadas recentemente quando esteve ao lado dos Açores na defesa dos poderes da Autonomia, mesmo contra a maioria das posições políticas do país.
Além disso, “é importante tentar recordar o que aconteceu de bom na nossa vida e na nossa Autonomia por causa de Cavaco Silva”, realçou o Presidente do PS/Açores.
“Pensamos, pensamos, pensamos e não nos lembramos de nada”, disse Carlos César, para quem, mesmo no caso em que alguns recorreram a exercícios extraordinários de imaginação, não se encontra razão para pensar que Cavaco Silva beneficiou os Açores.
Apontou o exemplo da consagração das ultraperiferias na União Europeia, um processo que coincide, numa parte do seu tempo de desenvolvimento, com o tempo em que Cavaco Silva era primeiro-ministro, “mas que pouco ou nada se deve a ele”.
“Em boa verdade, já em 1985, quando Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia (CEE), já havia uma declaração conjunta sobre a situação dos Açores e da Madeira, que recomendava a adopção de medidas específicas para estes arquipélagos”, recordou Carlos César.
O líder do PS/Açores lembrou, ainda, que ainda antes de Cavaco Silva ser primeiro-ministro a Comissão das Regiões Periféricas e Marítimas Europeias introduziu o conceito de ultraperiferia.
“É conveniente, também, não esquecer que todo este estatuto acabou por ser desenvolvido sob a impulsão do governo francês e de um grande Presidente da Comissão Europeia, que foi Jacques Delors, e que foi ele que o garantiu no Conselho Europeu de Rhodes”, disse.
Segundo afirmou, é, assim, importante que se saiba que a génese deste conceito foi anterior a Cavaco Silva e o momento mais importante, que foi a sua consagração no Tratado da União Europeia, é posterior ao tempo em que foi primeiro-ministro.
Perante os muitos apoiantes de Manuel Alegre, Carlos César salientou, ainda, que Cavaco Silva sempre manifestou a coerência de “estar contra os Açores”, mesmo no tempo em que Mota Amaral era Presidente do Governo Regional dos Açores, quando foi “bem claro ao não considerar como receitas dos Açores os impostos dos açorianos que pagavam”.
“É preciso – parafraseando Cavaco Silva – não esquecer e não aproveitar o esquecimento. Nós não nos podemos esquecer do que foi Cavaco Silva no tempo de Mota Amaral e só nos lembrarmos do que é Cavaco Silva no tempo de agora. Embora, num tempo e noutro, tenha sido a mesma coisa contra os Açores”, afirmou.
Sobre as Eleições Presidenciais, Carlos César considerou que assumem uma grande importância nos Açores, por constituírem uma oportunidade de “apoiarmos quem nos apoia, reconhecer os que acreditam em nós e votar nos que confiam nas Autonomias”.
“Provavelmente Manuel Alegre não é o único, mas é um deles. Seguramente, não será Cavaco Silva um entre eles”, garantiu Carlos César.
Na inauguração da sede de campanha, que se localiza no Solmar Avenida Center, em Ponta Delgada, participaram também o Mandatário Regional Tomas Borba Vieira e o Mandatário para a Juventude, Leonardo da Ponte, militante do CDS/PP.