Em pleno período de contenção de despesas e de uso criterioso na definição de prioridades, a presidente de Câmara de Ponta Delgada insiste na construção do Museu de Arte Contemporânea de Ponta Delgada.
Berta Cabral esconde-se no nome e prestígio do infelizmente inactivo arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer para anunciar uma obra de custos exorbitantes, sabendo perfeitamente que tal investimento é absolutamente despropositado e revelador de uma irresponsabilidade que põe em primeiro lugar a ambição pessoal e em último o interesse público.
A presidente de Câmara de Ponta Delgada, sabe, e há muito tempo, que o Governo Regional tem já em avançado estado de execução o projecto de Construção do "Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas". Este facto não impede essa autarca de, mais uma vez, entrar numa vertigem de porfia com o Governo, sacrificando a racionalidade da gestão da coisa pública no altar da sua vaidade política. E nesta birra de maturidade duvidosa, em que o critério parece ser “se o Governo faz, Berta também quer”, quem fica a perder é o concelho de Ponta Delgada e os munícipes.
Também do ponto de vista da oferta cultural no concelho, a decisão da Dr.ª Berta Cabral não encontra qualquer justificação. Felizmente, ao longo do tempo, o concelho foi desenvolvendo essa oferta, pelo que, também sob esse prisma, a construção de mais esta estrutura em Ponta Delgada, vem estorvar mais a oferta que já existe do que criá-la ou sequer fortalecê-la.
Por último, é falsa a afirmação de que se perderiam fundos comunitários caso não se construísse a pretensiosa obra em nome e para gáudio de Berta Cabral.
O que esta afirmação revela é um autismo atroz quanto à satisfação de necessidades prementes do concelho: A Câmara de Ponta Delgada pode usar os fundos comunitários em investimento no parque escolar do 1º ciclo do ensino básico; pode usar os fundos comunitários em investimento na construção, ampliação, reabilitação e equipamento de infra-estruturas desportivas; pode usar fundos comunitários em investimento na rede viária municipal; pode usar fundos comunitários em investimento nas redes de abastecimento de águas, águas residuais e de resíduos sólidos urbanos; pode usar fundos comunitários em investimento em instrumentos de planeamento municipal em situações de emergência; pode usar fundos comunitários em acções de modernização administrativa.
Mas em tudo isto a Dr.ª Berta Cabral acha que não é preciso investir.
Mais importante que tudo isto, parece ser copiar o Governo para satisfação da vaidade política.
Para quem tem a responsabilidade de gerir o maior concelho dos Açores, é confrangedoramente pouco!
Para quem assim decide numa conjuntura de sacrifícios das pessoas, é confrangedoramente mau!