O líder parlamentar do PS/Açores lamentou, esta terça-feira, que a candidata do PSD/Açores à Presidência do Governo Regional tenha optado por se manter no cargo de Presidente da Câmara de Ponta Delgada, numa confusão deliberada entre cargos para tentar conseguir mais votos nas eleições de Outubro.
“É lamentável que a data indicada por Berta Cabral para sair seja a dois meses das eleições, para que se possa aproveitar, indevidamente, das Festas do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, uma festa que é do povo, dos que têm partido e dos que não têm, e não do PSD nem da sua Presidente”, afirmou Berto Messias.
Numa declaração política no plenário de Abril, o Presidente da bancada socialista adiantou, ainda, que esperava que a candidata do PSD/Açores “tivesse o mesmo desprendimento e dimensão ética e moral do candidato do PS/Açores, saindo a tempo do cargo que ocupa para impedir confusões entre o cargo público e a função de candidata”.
“A Presidente da Câmara de Ponta Delgada e candidata do PSD/Açores mantém, assim, a sua estratégia de utilizar ao máximo todos os palcos que dispõem para tentar ganhar votos”, salientou Berto Messias, para quem, com esta estratégia eleitoral, Berta Cabral “tenta compensar com quantidade o que lhe falta em qualidade no projecto político”.
Perante os deputados açorianos, o líder parlamentar do PS/Açores garantiu que a postura política de Berta Cabral contrastou, assim, com a decisão anunciada, recentemente, por Vasco Cordeiro de deixar o cargo que detinha no Governo dos Açores, em nome da ética, da responsabilidade e da verdade.
“A lei não o obrigava a isso, mas os valores que Vasco Cordeiro defende não lhe deixaram dúvidas”, recordou Berto Messias.
Na sua declaração política, o deputado socialista considerou, por outro lado, que as eleições regionais de Outubro vão decorrer num período difícil para os açorianos e para empresas, agravado pelo “primeiro Governo da República do Portugal democrático verdadeiramente de direita, em que cada cidadão é pouco mais que um contribuinte e, por isso, um mero financiador do Estado”.
Depois de salientar que o adversário do PS/Açores nestas eleições é o “desemprego que teima em atingir muitos açorianos”, Berto Messias apelou aos açorianos para que “estejam alerta e não se deixem confundir e que não acreditem em vendedoras de ilusões”.
“Os tempos não se coadunam com a política do ´slogan` e da frase feita. Os tempos exigem responsabilidade de propositura, mesmo que não se possa responder afirmativamente a todas as solicitações, defendeu o parlamentar socialista.
Berto Messias recordou que, no passado fim-de-semana, no Congresso Regional, a candidata do PSD “prometeu tudo a todos, um rol de promessas de quase uma hora, a um ritmo alucinante nunca visto”, sem nunca explicar como pretende pagar todas as suas promessas, “que implicam uma gigantesca despesa pública” para os açorianos.
“Se a candidata do PSD é a política responsável que diz ser, este desfiar de promessas só tem uma leitura: afinal sabe que a Região não está tão mal ao nível das suas finanças públicas como diz o seu PSD”, afirmou.
Sobre as promessas feitas por Berta Cabral, o Presidente do Grupo Parlamentar do PS/Açores destacou a relativa às tarifas aéreas, para denunciar que “quem nada fez no seu tempo, acha que merece uma segunda oportunidade para nada fazer”.
“O PSD acabou com o transporte marítimo de passageiros nos Açores, mas agora tem todas as soluções. O PSD obrigava cada açoriano a pagar 300 euros por uma passagem aérea e, agora, sabe como se baixa os preços”, afirmou Berto Messias, ao adiantar que o Governo Regional está já a trabalhar, nomeadamente na revisão das obrigações de serviço público.
“No tempo da governação do PSD/Açores, o ordenado mínimo era de 54 contos (272 euros). Ou seja, no tempo que o PSD saiu do Governo, o ordenado de um mês inteiro de trabalho de um Açoriano não dava sequer para uma única passagem para Lisboa”, disse.
Recorde-se que, há vários meses, que o Governo dos Açores solicitou ao Governo da República uma reunião para abordar a revisão das obrigações de serviço público e, consequentemente, baixar as tarifas. O Governo da República insiste em não receber o Governo dos Açores sobre este assunto.
“Até parece que o PSD/Açores pediu ao PSD nacional para que o Governo açoriano não seja recebido antes das eleições regionais, prejudicando assim os açorianos para retirar daqui dividendos partidários e eleitorais”, disse Berto Messias.
Na sua declaração política, no primeiro dia do plenário de Abril, Berto Messias rejeitou, ainda, o modelo apresentado pelo PSD/Açores de uma “região económica”, o qual já foi aplicado na Madeira “com os resultados que estão à vista de todos”.
“Nós não queremos apenas uma região económica como acontece na Madeira, queremos uma região da qualidade na agricultura, queremos uma região inovadora na indústria, queremos uma região tecnológica na prestação de serviços, queremos uma região sustentável no turismo, uma região exportadora, em que todos ganhem o que lhes é devido na pesca e na produção local, uma região em que os funcionários públicos se orgulham de servir os cidadãos, uma região solidária, em que ninguém é deixado para trás, em suma, queremos continuar a construir uma região social, em que nos podemos orgulhar de ser açorianos”, concluiu Berto Messias.