O Presidente Honorário do PS Açores, Carlos César, defendeu, esta sexta-feira, que a situação de crise nacional não dispensa um Governo de salvação nacional com legitimidade democrática. “Com ou sem maioria absoluta é indispensável um acordo entre os principais partidos políticos. A situação portuguesa é absolutamente dramática e não dispensa um acordo de regime e um Governo de salvação nacional, mas um Governo de salvação nacional de base democrática, com legitimidade partidária, e não de base tecnocrática e excluído do sentimento dos portugueses”.
De acordo com o Presidente Honorário dos socialistas açorianos, é fundamental refrescar a legitimidade política e social do Governo para os próximos quatro anos.
“A realização de eleições permitiria um Governo de salvação nacional, mas com legitimidade democrática, partidária e social refrescada. Isso é fundamental para os próximos quatro anos, que incluiu este período extraordinariamente difícil do segundo semestre de 2014 e 2015, de modo a que um governo forte e credível possa, com sucesso, terminar esta fase final do programa da troica e negociar os nossos compromissos futuros que nos termos atuais não poderemos satisfazer”.
Questionado pelos jornalistas acerca do papel do Chefe de Estado, Carlos César considera que o “o Presidente da República devia ser a primeira pessoa a tomar consciência de que é preciso um governo forte e refrescado na sua legitimidade para os próximos quatro anos e não substituir um governo de instabilidade por um governo mais precário ou mais instável ainda. Qualquer reedição desta coligação, com as suas referências partidárias e com as suas referências de suspeita de falta de legitimidade eleitoral, não pode resultar num governo forte e capaz. O senhor Presidente tem uma última oportunidade de demonstrar que os problemas que o país tem podem ser resolvidos no quadro institucional”. Para isso, Carlos César preconiza que o Presidente da República deve preocupar-se em preparar as condições para uma legislatura completa que permita um acordo genuíno forte e duradouro entre os principais partidos portugueses.
Relativamente ao Partido Socialista, o antigo chefe do governo dos Açores salientou que “o PS tem, até por demérito dos seus adversários, todas as condições para recolher a preferência dos portugueses e de ser chamado à liderança deste novo período. Mas não basta o PS. Estamos numa situação tão grave que é preciso mais que o PS”.
Para o antigo Presidente do Governo Regional dos Açores, Portugal atravessa uma fase de grande dificuldade na sua gestão orçamental, económica e política. “Vivemos uma situação de algum alarme e sobretudo porque estamos a seguir uma trajetória de insustentabilidade dos nossos compromissos futuros. É sabido que o País, em meados desta década, tem, fora do quadro do programa de assistência da troica, compromissos em montantes de dezenas de milhares de milhões de euros e não se vê forma de satisfazer esses compromissos”. Por isso, Carlos César defendeu ser necessário, depois do programa de ajustamento da troica, a existência de um programa, no quadro europeu, que permita uma reinserção condicionada dos países em dificuldades nos mercados.