Lizuarte Machado apresentou esta quinta-feira à Assembleia Legislativa dos Açores o seguinte voto de congratulação, aprovado por unanimidade, que se transcreve na íntegra:
"VOTO DE CONGRATULAÇÃO
Fundado em 1641 o Convento de São Francisco, recebeu a 31 de Agosto do mesmo ano o seu presidente e fundador, Frei Francisco de Santa Bárbara. No domingo seguinte a comunidade era constituída por quatro religiosos.
Foi o início de um período florescente para a cultura na Vila das Lajes do Pico e em toda a Ilha. Como é sabido à falta de escolas públicas – as primeiras só surgiram em 1864 destinadas exclusivamente ao sexo masculino – era nos conventos que os jovens recebiam alguns ensinamentos, ministrados pelos Frades Franciscanos. Um século depois, em 1870, é criada na Vila uma cadeira régia de Latim.
Em 1876 é fundada, por iniciativa de João Paulino de Azevedo e Castro, à altura aluno da Universidade de Coimbra e que viria a ser Bispo de Macau, o Gabinete de Leitura Lajense, o primeiro existente na Ilha do Pico e ao qual se seguiu o Grémio Literário Lajense.
A cultura e a música foram sempre cultivadas pelos jovens das Lajes do Pico. A tal facto não é alheio o gosto musical que ficou do tempo dos Frades Franciscanos os quais ao abandonarem, por ordem de D. Pedro IV - o Rei Soldado - a clausura do convento, voltaram às suas famílias onde continuaram exercendo as suas atividades culturais.
Dada a dinâmica cultural então vivida na Vila das Lajes do Pico, foi sem surpresa mas com grande orgulho que no dia 14 de Fevereiro de 1864, primeiro Domingo da Quaresma, se integrou pela primeira vez a Filarmónica Lajense na Procissão de Penitência. Teve como grande novidade o facto de ser a primeira Filarmónica da Ilha.
Fundada a 14 de Fevereiro de 1864 a Sociedade Filarmónica Liberdade Lajense viu os seus estatutos aprovados pelo Governo Civil em 1935 e completa 150 anos no próximo dia 14 do corrente.
Nas comemorações do seu centenário, em 1964, foi-lhe conferido pelo Presidente da República o título de Membro Honorário da Ordem do Mérito-Benemerência, cujas insígnias ficou autorizada a usar e em 1995 foi declarada Instituição de Utilidade Pública.
Ao longo dos seus cento e cinquenta anos teve apenas treze regentes, facto revelador da estabilidade da instituição ao longo de toda a sua existência. Foi seu primeiro regente o Maestro José Augusto. Manuel Xavier Soares foi a maestro que mais tempo regeu a banda – de 1967 a 1985. Foi também seu regente o comendador Maestro Manuel Emílio Porto e é António Fernando Macedo Bettencourt quem atualmente exerce essa tarefa.
A Sociedade Filarmónica Liberdade Lajense, para além da escola de música, onde é ministrado o ensino da música a todos os que a procuram, abrilhanta procissões e arraiais e colabora com as entidades oficiais em desfiles e concertos nas mais diversas manifestações culturais. De destacar o facto de desde 1883, ano da introdução nas Lajes do Pico do culto a Nossa Senhora de Lourdes, ter marcado presença em todas as festividades.
São várias as deslocações e participações em intercâmbios culturais desde o Continente Português, à Madeira e a várias ilhas dos Açores. Ainda este ano deslocar-se-á ao Estado da Califórnia.
Assim, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista, nos termos do disposto nos artigos 71.º e 73.º do Regimento da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, propõe que esta, reunida em Plenário, emita o seguinte voto:
“A Assembleia Legislativa Regional dos Açores congratula-se pela passagem do centésimo quinquagésimo aniversário da Sociedade Filarmónica Liberdade Lajense,
A presente congratulação é extensiva a todos os seus executantes, maestros e dirigentes que veem, assim, coroados de êxito todo o seu esforço no campo musical.”
Do presente voto deverá ser dado conhecimento à Sociedade Filarmónica Liberdade Lajense."