“O primeiro problema desta proposta é o desvirtuar do objetivo principal do cartão Interjovem. Temos um instrumento de mobilidade jovem, não um instrumento de fomento económico. Ou seja, é um instrumento dirigido exclusivamente ao turismo jovem”, afirmou Marta Couto.
A deputada socialista intervinha em plenário, na Horta, no debate sobre uma proposta de alargamento do Cartão Interjovem para os 35 anos de idade.
“Quando foi criado o Cartão Interjovem, ele tinha objetivos perfeitamente delimitados. O principal de todos era, precisamente, o fomento da mobilidade jovem e, desse fomento, o que se pretendia era que os jovens conhecessem as suas ilhas, a sua cultura, o seu ambiente”, esclareceu Marta Couto.
“Além disso, “visava também possibilitar aos jovens de uma determinada faixa etária, sem autonomia financeira, a possibilidade de poderem mover-se entre as ilhas”, referiu a deputada socialista.
Marta Couto relembrou que “o Cartão Interjovem oferece um conjunto de vastos benefícios, negociados com cerca de trezentos parceiros. Em virtude desta proposta, esses parceiros seriam obrigados a renegociar ou a repensar todas as condições que os levaram a aderir”.
Com este alargamento até aos 35 anos, “prevê-se que haja uma perda de aderentes na ordem dos 70% a 90%”, causando uma consequente “larga redução de benefícios oferecidos aos jovens que hoje usufruem do cartão”, uma vez que implica custos para os aderentes do Cartão”, afirmou Marta Couto. “O que temos é que fazer uma escolha entre reduzir parceiros e benefícios ou mantê-los.”
A deputada socialista defendeu que “no caso das companhias de transporte marítimo, a reformulação irá causar custos no valor de meio milhão de euros. Já no caso das tarifas aéreas, irá implicar uma perda para a SATA no valor de 1.7M€”.
“Atendendo que a faixa etária entre os 30 e os 35 anos representa 34% da procura total das tarifas da SATA, estima-se que a procura por esta tarifa mais barata diminuiria a procura da tarifa normal, a que uma pessoa com autonomia financeira poderia recorrer”. Em resultado disso, “este produto mais barato teria uma procura de 73 mil passageiros, o que representaria uma diminuição de receita no valor de 1.7M€”, explicou Marta Couto.
Portanto, a questão, no entender da deputada socialista, é saber se os restantes partidos “se querem responsabilizar por uma proposta que sobrecarregará mais as empresas de transporte marítimo e aéreo e, consequentemente, o Setor Público Empresarial da Região, numa conjuntura financeira já de si complexa.”
“O PS não estará disposto a isso, e, portanto, não pode aprovar, por uma questão de responsabilidade, uma proposta que implique custos, que diminua largamente a atratividade do cartão e que reduza benefícios”, concluiu Marta Couto.