O Presidente do Governo defendeu hoje, na Horta, uma “verdadeira pedagogia” da Autonomia no país, que permita esclarecer, combater o preconceito e apaziguar a desconfiança em relação a este projeto que trouxe, ao longo de cerca de 40 anos, benefícios concretos e objetivos para os Açorianos.
“A verdade impõe que se reconheça que há algo que tarda e que julgo fazer falta ao nosso país e à sociedade portuguesa no seu conjunto ao fim de quatro décadas de experiência autonómica: uma verdadeira pedagogia das Autonomias Regionais”, afirmou Vasco Cordeiro, na sessão solene do Dia da Região.
Na sua intervenção na Assembleia Legislativa, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente do Governo preconizou que, com esta pedagogia a nível nacional, é possível cumprir, “mais do que profissões de fé no dogma do Estado Unitário, o objetivo que a Autonomia tem como seu, e que é o do reforço da unidade nacional e dos laços de solidariedade entre todos os Portugueses”.
Nesta sessão, que também ficou marcada pela imposição das Insígnias Honoríficas a 30 Agraciados, o Presidente do Governo destacou os resultados e os benefícios concretos para os Açorianos proporcionados pela Autonomia em cerca de 40 anos.
“Só estes resultados, que se refletem no nosso dia-a-dia, seriam suficientes para justificar – caso isso fosse necessário – o enorme sucesso que constitui a Autonomia, não apenas para os Açores, mas também para o país, que, no curto espaço de tempo de algumas décadas, viu esta região insular dar um salto de desenvolvimento sem paralelo na história”, afirmou.
Segundo disse, importa, agora, perguntar o que essa Autonomia garantirá aos Açores no espaço temporal da próxima década, uma preocupação prospetiva que é “essencial para que seja possível manter viva e dinâmica esta Autonomia de resultados”.
“Não nos podemos dar ao luxo de, aqui chegados, 40 anos depois, considerar que a Autonomia se esgotou enquanto meio privilegiado para garantir o progresso, o desenvolvimento económico e social e o bem-estar daqueles a quem se destina”, alertou Vasco Cordeiro.
Na sua intervenção, o Presidente do Governo considerou, também, que, se é verdade que a Autonomia não deve ser confundida com um “mero plano de fomento das nove ilhas”, é, também, verdade que a Região ainda tem desafios estruturais, os quais, se ultrapassados, “prepararão os Açores para enfrentar as próximas décadas com as condições necessárias de confiança e de esperança renovadas”.
“Mas este percurso não poderá ser feito apenas por nós, Açorianos, e muito menos enfrentando obstáculos e constrangimentos por aqueles que, cá ou lá, não compreendem, ou parecem não querer compreender, que o avanço dos Açores é o avanço de Portugal, que não querem compreender que a melhoria das condições de vida destas ilhas ou de uma família açoriana é, simultaneamente, a melhoria das condições de vida de uma parte do território nacional e de uma família que é, também, portuguesa”, frisou Vasco Cordeiro.
De acordo com Vasco Cordeiro, estes desafios estruturais terão, assim, de ser assumidos, também, como um “desígnio nacional, não como uma espécie de qualquer cedência, benesse ou favor a uma Região Autónoma, mas como uma estratégia comprometida, partilhada e assumida também pelo país”.
Nesse sentido, o Presidente do Governo apontou três exemplos em que essa abordagem deve ser posta em prática, caso da Base das Lajes e dos seus efeitos na economia, na sociedade e no ambiente, nas possibilidades que se abrem no âmbito da exploração dos recursos do Mar e da forma como, na Região se pode intervir, decidir e beneficiar e ainda nas possibilidades que se abrem para, no âmbito da cooperação e relacionamento com entidades externas infra-estaduais, sejam elas províncias, estados ou organismos de cooperação, o país potenciar as suas Autonomias Regionais como fator de atração, de compromisso e de parceria.
Vasco Cordeiro considerou, por outro lado, que, em cada um dos percursos dos Agraciados com as Insígnias Honoríficas Açorianas, é salientada a “determinação, a exigência, o exemplo de serviço ao outro, o profissionalismo ou a mestria que queremos potenciar e multiplicar como exemplo inspirador". [GaCS]