Vasco Cordeiro, que intervinha na cimeira “Autonomia 2030 – Madeira e Açores em Diálogo”, considera que “os Açorianos percebem que, para além da cosmética, há esta sensação de vazio em relação a uma ideia de região e a um projeto para o nosso futuro”.
No encontro organizado pelo PS/Madeira, o líder dos socialistas Açorianos manifestou a sua apreensão com o atual momento, dando nota de os Açores estarem a ficar para trás num conjunto de matérias, na qual se destaca a retoma do Turismo, setor onde não há “uma abordagem integrada e coerente que junte a componente pública e privada, de forma a podermos capitalizar esta nova fase”, mas também ao nível da vacinação.
Para Vasco Cordeiro, há, neste contexto político que os Açores vivem, “primeiro esta sensação crescente de ausência de um projeto de futuro, de uma ideia de região”, e, em segundo lugar, “os Açores a ficarem para trás e estarem a deixar a liderança que assumiam em algumas matérias”.
No encontro que decorreu na cidade do Funchal, o Presidente do PS/Açores referiu-se ainda às regiões autónomas dos Açores e da Madeira, como sendo uma das grandes histórias de sucesso do Portugal democrático. Na ocasião, defendeu a importância de as Autonomias olharem cada vez mais para si, baseando-se, desde logo, no caminho já percorrido por países europeus com experiências semelhantes, de que são exemplo a Itália e a Espanha, para analisar o caminho percorrido pelas suas autonomias.
Vasco Cordeiro, destacou ainda que ao longo destes quase 50 anos a forma como a Autonomia se tornou mais evidente, foi quando permitiu “a melhoria de infraestruturas, a construção de escolas, estradas e hospitais”, defendendo assim a importância de que a Autonomia se centre em outras componentes como a melhoria da democracia que existe nas regiões, ou ainda ao nível das questões climáticas. Para o socialista, a afirmação da Autonomia não deve depender “da reação face ao outro”, mas afirmar-se pelos seus resultados.
Na ocasião, e numa abordagem ainda às Autonomias Regionais, Vasco Cordeiro considerou que estas tendem a ter um papel de entrar em áreas que estão tradicionalmente reservadas ao Estado, dando como exemplo questões ao nível das relações externas: “Na minha opinião, o país desperdiça aquele que é o potencial das regiões autónomas e das comunidades emigradas, sobretudo quando essas comunidades estão em países de acolhimento que tem uma estrutura administrativa que tem províncias e estados, em que seria muito fácil de aprofundar o relacionamento, utilizando as regiões como posições de vanguarda”, referiu o socialista, dando como exemplo o Concelho de Concertação das Autonomias Regionais que, apesar de sempre ter sido entendido que iria “substituir o relacionamento entre os governos regionais e a República”, o que sempre pretendeu foi “colocar as regiões a exercer funções reservadas ao Estado”.
Assim, o Socialista defendeu a importância de que os tempos atuais exigem a necessidade de se refletir sobre a possibilidade de ter uma Autonomia com uma abordagem diferente, no qual, para fazer face aos desafios com que as regiões estão confrontadas há que mobilizar os recursos de cada região.
No decorrer da cimeira, os dois líderes socialistas abordaram ainda o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com Vasco Cordeiro a considerar que as prioridades definidas no plano estão corretas, uma vez que, “o verdadeiro desafio não é voltarmos onde estávamos em 2020, mas aproveitar esta situação para resolver um conjunto de áreas e aspetos que esta crise veio colocar em evidência como sendo necessário alterar”, dando como exemplo nesta matéria a questão da digitalização e o objetivo da criação de um Hospital único na Região.