Nota: O Comunicado da conferência de imprensa onde estão detalhadas as medidas concretas que o GPPS apresentou, está disponível aqui
“Continuamos a acreditar que todos os contributos são válidos e que é necessário um esforço coletivo e concertado para que se encontrem as melhores soluções”, afirmou Tiago Lopes. O Grupo Parlamentar do PS/Açores manifestou preocupação quanto ao aumento dos internamentos e apresentou mais alguns contributos ao Governo Regional, nomeadamente quanto à necessidade de melhorar a informação prestada, reforçar a testagem e a vigilância epidemiológica.
Em conferência de imprensa, realizada esta quarta-feira, antes de ter sido divulgado o comunicado oficial da Autoridade de Saúde, o deputado do PS/Açores começou por apresentar o ponto de situação da evolução da pandemia na Região onde, ao contrário do que aconteceu a nível nacional “esta nova vaga, para além do aumento do número de casos, traduz-se na Região Autónoma dos Açores por um aumento do número de hospitalizações”.
“Na Região, se fizermos a comparação, temos uma taxa de hospitalização de 1,2% o que é cerca do dobro do que se verifica na Região Autónoma da Madeira e no território continental”, sublinhou.
Tiago Lopes também alertou para desvalorização feita da variante Ómicron nos Açores que, “de 12 a 18 de dezembro, era a segunda maior de todas as outras Regiões do País, só superada por Lisboa e Vale do Tejo, quando, nessa mesma semana, apenas havia conhecimento público de 3 casos na Região e na semana seguinte 45”. Referindo, também, que atualmente, ao contrário do que seria de esperar, estão “em circulação na Região duas variantes: uma que provoca mais hospitalizações – a Delta – e a outra que é mais transmissível – a Ómicron”.
Ainda com base nos relatórios do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) destacou que “em três semanas a Região apresentou o Índice de Transmissibilidade mais elevado de todas as Regiões do País” e a importância de se reforçar a testagem: “Testa-se pouco não comparativamente às outras Regiões do País, mas testa-se pouco atendendo à situação epidemiológica na Região. A finalidade de testar, testar, testar – como defendido pela Organização Mundial da Saúde - é a de estar à frente e não correr atrás desta pandemia”.
Tiago Lopes recordou que no fim do verão passado o GPPS, “nesta mesma crença de dar contributos válidos”, defendeu e questionou o Governo Regional “sobre um plano para o Outono e Inverno relativamente à possibilidade de um aumento do número de casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2”.
Agora, para além dos dados objetivos, referiu “há um conjunto de informações que açorianos de diversas ilhas nos têm feito chegar, com especial intensidade nos últimos dias, e que contribuem também termos a noção que há uma necessidade urgente de reavaliar, repensar e mudar a forma como as coisas, ou como algumas coisas, têm sido feitas”.
Em concreto sobre a Linha de Saúde Açores, e reconhecendo como “positivo” o anúncio de ontem do Governo para a “criação de uma plataforma digital que vai ajudar a aligeirar a pressão sobre o Serviço Regional de Saúde”, o deputado do PS manifestou receio de que “o potencial efeito benéfico que os mesmos poderiam trazer já tenha sido ultrapassado pelo agravamento da situação pandémica na Região”.
Quanto à vigilância epidemiológica, Tiago Lopes, deu nota das graves dificuldades que os Açorianos estão a sentir, mas também dos constrangimentos que se colocam aos profissionais de saúde, “os médicos de medicina geral e familiar têm reportado dificuldade no acompanhamento”, que têm de lidar com a ausência de orientações para o evoluir da situação. A descoordenação e sobrecarga que se verifica atualmente também está a afetar a situação dos doentes não Covid.
Contributos do GPPS para melhorar o combate à pandemia da Covid-19
Face a este cenário, o Grupo Parlamentar do PS/Açores apresentou contributos ao Governo Regional para melhorar a estratégia de combate à pandemia, em termos da “Informação e Esclarecimento”; da “Testagem” e da “Vigilância Epidemiológica”.
A nível da “informação e do esclarecimento”, perante “as dificuldades”, a “angustia e frustração” que “minam a necessidade de haver um sentimento geral de tranquilidade e de confiança na ação de todos os envolvidos”, o Governo Regional deve reativar urgentemente a Linha de Esclarecimento Não-Médico e a Linha de Apoio Psicológico e reforçar, o mais rapidamente possível a capacidade da Linha de Saúde Açores, “mesmo que para isso se tenha de contratualizar com entidades externas a prestação desse serviço”.
Tiago Lopes destacou também que quanto à testagem, tendo em conta que se está a reduzir e que “continuam a chegar-nos relatos de dificuldades no acesso a testes rápidos em algumas das nossas ilhas e de dificuldades em conseguir realizar, em tempo útil, testes PCR”, o Governo deve proceder à “reativação urgente da totalidade dos laboratórios da Universidade dos Açores para reforçarem a capacidade de testagem segundo a metodologia PCR”.
Deve também, “em colaboração com os municípios dos Açores” assegurar em todos os concelhos “dia ou dias de testagem gratuita, abertos a toda a população” e “reforçar a capacidade de realização de testes rápidos, distribuindo por todas as unidades de saúde dos Açores o stock de testes rápidos que o Governo adquiriu, por recomendação desta Assembleia, cerca de 250 mil testes, ou adquirindo novamente essa quantidade (+250 mil)”.
Ao nível da vigilância epidemiológica, adiantou Tiago Lopes, o GPPS defende que “tendo em conta a situação que temos, em termos de casos positivos diários, bem como os relatos que nos dão conta que a atual estrutura foi já totalmente ultrapassada na sua capacidade de resposta, julgamos que se afigura muito urgente a colaboração das Forças Armadas neste setor em concreto”, não perdendo tempo com a “chamada ou convite ou conversações”, mas que se assegure “a entrada efetiva e imediata das mesmas nessa componente da vigilância epidemiológica”
Quanto à vacinação, defendeu que “é, igualmente, urgente reforçarmos a capacidade de vacinação, em especial, na componente da dose de reforço, a qual, segundo é público, se cifra atualmente nos 28%. A forma de o fazer é reativando Centros de Vacinação para aumentar a taxa de cobertura vacinal”.