O Secretariado de ilha do PS/Terceira manifestou por diversas vezes, ao longo do ano de 2021, a sua preocupação com a estratégia do Governo de Coligação do PSD, CDS e PPM, apoiado pelo CHEGA e pelo IL, de redução significativa do número de ligações aéreas diretas da Ilha Terceira com o estrangeiro, que se refletiu de forma evidente no Verão IATA 2021 e que, tudo indica, se prolongará ao Verão IATA 2022, com início dentro de 2 meses, juntando-se à sociedade civil terceirense que tem tornado pública a sua insatisfação com a política aérea desenvolvida pelo executivo regional, que marginaliza a Aerogare Civil das Lajes.
Esta opção do Governo Regional que fez com que no Verão IATA de 2021 houvesse apenas 4 ligações com o estrangeiro (Boston, Toronto, Oakland e Amesterdão), tem se revelado lesiva para a recuperação do sector do turismo na ilha Terceira.
Veja-se, por exemplo, os dados referentes ao n.º de dormidas entre janeiro e novembro, que demonstram que na Terceira em 2020, registaram-se 133.561 dormidas, enquanto em 2021, no período homólogo, ocorreram 244.856 dormidas, o que significa um crescimento de 83%, no entanto, manifestamente abaixo, em 34 pontos percentuais, do crescimento regional que foi de 117% e significativamente inferior ao verificado no Faial (168%), São Miguel (125%), Pico (113%), Flores (107%,) e São Jorge (101%).
Os resultados desta política errada de redução dos voos internacionais para a Aerogare Civil das Lajes, como foi, em devido tempo, alertado pelo PS/Terceira, travou o crescimento da atividade das empresas turísticas da ilha e limitou o seu contributo para a recuperação económica e social da Região.
No entanto a inversão desta política de marginalização da Aerogare Civil das Lajes, não se faz, em vésperas de um ato eleitoral, através de visitas de circunstância à infraestrutura e da apresentação, também ela de circunstância, de uma resolução que recomenda ao Governo que faça aquilo que, por sua iniciativa, até agora não quis fazer, ou ainda, porque com o padrão de atuação do Governo Regional nas últimas semanas tudo é possível, com o anúncio de uma ou duas novas rotas à beirinha do dia 30 de janeiro, deve sim ser feita através de uma estratégia para a retoma do turismo externo na Ilha Terceira assente na recuperação das seis ligações semanais internacionais que foram suspensas pela pandemia e que não foram restabelecidas (2 com Boston, 2 com Paris, 1 com Toronto e 1 com Montreal), no reforço do investimento na captação de rotas, numa promoção eficaz do destino Terceira e na reversão da decisão de pôr fim aos encaminhamentos gratuitos, que criou um obstáculo financeiro desnecessário aos passageiros que querendo visitar a ilha terceira tenham entrado na Região, por exemplo, através da Gateway que centraliza a grande maioria dos voos internacionais.
No entanto as notícias que surgem em relação ao Verão IATA 2022, não permitem antever uma efetiva reversão daquela que tem sido uma política errada de menorização da Aerogare Civil das Lajes, com um cenário de manutenção do fim dos encaminhamentos gratuitos e o anúncio de apenas mais uma ligação internacional, com Londres (1 vez por semana, num total de 8 frequências), em comparação com o Verão IATA 2021, quando, praticamente em simultâneo, foram anunciadas ligações de Ponta Delgada com Londres (1 vez por semana, num total de 10 frequências), Paris (2 vezes por semana, num total de 18 frequências) e Nova Iorque (3 vezes por semana, de 13/5 a 2/6 e de 6/9 a 30/9, e 7 vezes por semana 3/6 a 5/9, num total de 114 frequências), sendo que destas 150 ligações internacionais com a Região, apenas 8, ou seja, 5%, têm como destino a Aerogare Civil das Lajes e que dos 25.480 lugares disponíveis, apenas 1.440, ou seja, 1 em cada 20, é que estão alocados a passageiros que têm como destino a Ilha Terceira.
Esta disparidade torna-se ainda mais evidente quando se constata que no Verão IATA 2022 a ilha Terceira terá apenas ligações com Boston, Toronto, Oakland, Londres e, provavelmente, Amesterdão, enquanto o aeroporto de Ponta Delgada receberá voos vindos de Boston, Paris, Frankfurt, Montreal, Toronto, Praia, Londres, Bermuda, Nova Iorque, Dusseldorf, Barcelona, Madrid, Amesterdão, Genebra, Oslo e Manchester, sendo de destacar que 11 das 16 rotas são operadas pela Azores Airlines, que em 4 rotas concorre com outras companhias internacionais, designadamente para Paris com a Transavia, para Frankfurt com a Lufthansa e a Ryanair, para Londres com a British Airways e a Ryanair e para Nova Iorque com a United Airlines.
Importa, por último, frisar que o que move o PS/Terceira não é a comparação com outras Gateways, mas sim o conhecimento do potencial turístico da ilha Terceira e a luta contínua para que neste sector, como noutros, a Terceira e os Terceirenses não fiquem para trás.