O Grupo Parlamentar do PS/Açores entregou, na Assembleia Legislativa dos Açores, um Projeto de Resolução que defende a implementação de testes de diagnóstico mais eficazes para detetar casos de amigdalite aguda entre as crianças e jovens dos Açores. A iniciativa prevê “a aquisição de 10.000 testes e a sua disponibilização nos Cuidados de Saúde Primários e Serviços de Urgência de todas as unidades de saúde da Região”.
Tiago Lopes, que apresentou a iniciativa do PS/Açores na Comissão de Assuntos Sociais onde o diploma vai ser analisado antes de subir a plenário, realça que “a amigdalite aguda é um dos frequentes motivos de ida aos serviços de urgência e de cuidados de saúde primários em idade pediátrica, entre os 5 e os 15 anos”, pelo que “os meios complementares de diagnóstico e terapêutica são essenciais para uma abordagem correta a determinadas patologias, podendo e devendo evitar admissões hospitalares e a administração de terapêutica inadequada”.
Os dados revelam que “a cerca de 80% dos utentes com queixas de odinofagia é prescrito antibiótico” o que contribui “para uma prática clínica incorreta e para o aumento das resistências antimicrobianas”. O deputado do PS/Açores adianta que “será mais fácil identificar” a origem da amigdalite, se é viral ou se é bacteriana, “através dos testes de diagnóstico antigénico rápido (TDAR), que confirmam a existência do Streptococcus beta-hemolítico do Grupo A (SGA)”.
“A amigdalite aguda por SGA apresenta características epidemiológicas e manifestações clínicas típicas. Ocorre predominantemente em idade escolar (5 – 15 anos), com picos de incidência no Inverno e no início da Primavera, onde cerca de 20 a 40% das crianças nesta faixa etária poderão ser portadoras de SGA. Nos casos pediátricos a clínica nem sempre é suficiente para distinguir entre agente viral ou bacteriano, sendo que a Direção Geral da Saúde recomenda a identificação do SGA para a prescrição de antibacteriano na idade pediátrica”, explica.
Tiago Lopes refere que os testes antigénico rápido, realizados de forma não invasiva através de zaragatoa, “foram avaliados num projeto piloto realizado em 2017 em Portugal Continental, confirmando que o custo do tratamento com antibioterapia e o custo dos testes, demonstrou uma poupança de 40%, constituindo o investimento 80% do total de poupança”.
Também nos Açores, acrescenta o parlamentar, “foi implementado um projeto piloto, em 2019, dinamizado na Unidade de Saúde de Ilha Graciosa que demonstrou a mais-valia da implementação do teste de diagnóstico antigénico rápido”.
Para Tiago Lopes, “numa época de sobrecarga sobre o Serviço Regional de Saúde, num contexto Pandémico que evolui desfavoravelmente, as restantes patologias não podem nem devem ser descuradas pelo que se revela fundamental toda a estratégia, plano e intervenção que permita reduzir internamentos e custos com recurso à melhor leges artis e atendendo ao bem-estar dos utentes”.
Nesse sentido, o Projeto de Resolução do GPPS propõe que o Governo “adquira 10.000 testes de diagnóstico antigénico rápido do Streptococcus beta-hemolítico do Grupo A e que os disponibilize nos Cuidados de Saúde Primários e Serviços de Urgência de todas as unidades de saúde da Região”. Para Tiago Lopes, a “Direção Regional da Saúde deve emanar orientações para a sua implementação nas unidades de saúde da Região” e “o Governo Regional deve envolver, neste processo, os profissionais de saúde da Unidade de Saúde de Ilha Graciosa que desenvolveram o projeto piloto regional”.