Opinião

Ricochete

Apresentou o PSD/Açores, em debate do Plano e Orçamento para 2011, propostas que nos levaram a concluir que o tempo e a distância dos dias de governação social-democrata, efectivamente, não apagaram a ideia “afunilada” e crespa que tinham da Cultura, do seu papel mobilizador, do enorme contributo que deve desempenhar no desenvolvimento das sociedades e, sobretudo, sobre o conceito de Património Cultural. Serenamente, hoje destacamos duas: A primeira que ia no sentido de por o orçamento do Teatro Micaelense a zeros; a segunda que queria “cortar” o orçamento ao “Arquipélago, Centro de Artes Contemporâneas”… Talvez a intenção fosse fechar o primeiro, em detrimento do Coliseu Micaelense e esperar pela chegada de Niemeyer para fazer o outro. Ora bem. Uma e outra são propostas demagógicas, é certo, sendo que de ambas resultam várias leituras, de entre elas, a passagem literal de um “atestado” aos adversários políticos e a segunda de uma inqualificável manobra política. Diga-se mesmo em abono da verdade, que o PSD/Açores passou todo o plenário da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA) – em múltiplas vozes – a fazer manobras de marcha a ré – ora ignorando informações sobre os fundos europeus que se poderiam perder se as propostas fossem aceites, ora tentando passar a ideia de que eram os “enteados” do Parlamento… Se dúvidas houvesse seriam dissipadas no imediato. A verdade (verdadinha) é que o PSD/Açores não conseguiu explicar as propostas de alteração aos documentos, não soube quantificar os custos orçamentais das propostas apresentadas, ignorou absolutamente que fundos estruturais poderiam ficar em risco, se as suas propostas fossem aprovadas. Desrespeitou o Parlamento, em primeira análise, e os Açorianos, por ricochete! Ora, independentemente do combate político normal e saudável em democracia exige-se dos responsáveis políticos açorianos que coloquem o interesse dos Açores, acima de qualquer desígnio partidário. Isto significa que no debate e votação do Plano e Orçamento para 2011 o PSD/Açores devia ter deixado de parte esta contínua política do insulto e das rivalidades. Os Açorianos, as crianças, os jovens e os velhos; os políticos e a própria política merecem mais respeito, sob pena de enquanto a maior parte marcha para um lado, haver sempre os do costume. Vão como o soldadinho querido da sua mãe: vai desalinhado, mas só a mãe não vê…