Contrariando as expectativas dos partidos políticos da oposição e o discurso orquestrado de alguns comentadores políticos, as medidas que foram impostas a Portugal pela “troika” ficaram aquém dos fatalistas prenúncios que anteviam o caos e a bancarrota para o país.
Muito foi especulado à roda do processo negocial que, durante três semanas, ocupou partidos, jornalistas e comentadores. A imagem transmitida, por alguns políticos e órgãos de comunicação social, motivou enormes medos e preocupações na população, conduzindo o país a um estado depressivo que a nada conduzia e só servia para o surgimento de argumentos extremistas e de indicadores conducentes à destruição do estado social.
Daí, concordemos com a atitude do Primeiro-ministro ao anunciar aos portugueses, em primeira mão, as medidas que não seriam tomadas e que constituíam os maiores receios da população, relegando para o dia seguinte o anúncios das medidas gravosas, aliás na linha do chumbado PEC4.
Desse modo, ficámos a saber que os subsídios de férias e de Natal não seriam cancelados, reduzidos ou transformados em títulos do tesouro. Caso a decisão não fosse nesse sentido, milhões de portugueses ver-se-iam com a impossibilidade de cumprir compromissos com base naquele esperado rendimento e de adquirir bens e serviços que o salário mensal nem sempre possibilita. Se tal situação fosse confirmada, contribuir-se-ia, ainda mais, para a perda de poder de compra e para uma recessão que se prevê para os próximos dois a três anos..
A saúde, bem essencial para todos, manter-se-á tendencialmente gratuita e as pensões até aos 1.500 euros mensais não sofrerão qualquer redução. Sobre esse benefício social muito foi especulado, chegando ao ponto de ser voz corrente que as pensões mais pequenas seriam atingidas com as consequências sociais mais graves que se possam imaginar.
De grande importância para os trabalhadores foi o anúncio de que não haverá despedimentos nem cortes de salários na função pública.
A Caixa Geral de Depósitos escapará à voracidade daqueles que tudo querem entregar aos privados, os quais certamente ficaram decepcionados ao ver uma oportunidade perdida de tudo privatizar e liberalizar.
Também no sentido oposto ao do mau agoiro de uma oposição que esperava uma boleia do FMI para conquistar o poder, não serão necessárias medidas orçamentais adicionais para este ano, uma vez que são suficientes as aprovadas no Orçamento para 2011.
Bem sabemos que nem tudo serão rosas e teremos de poupar e ver alguns aumentos nos impostos directos e indirectos, nomeadamente no IVA, na redução das deduções do IRS e no agravamento do IMI.
Afinal, Sócrates tinha razão ao querer ver aprovado o PEC4. Face à forçada queda do governo e às consequentes eleições legislativas há que não embarcar em populismos baratos nem em previsões daqueles que já demonstraram ser falsos profetas, arautos da desgraça e detentores de ambições desmedidas.
Pensamos ser chegada a hora de por fim às especulações e aos aproveitamentos partidários que pretenderam levar a cabo com fins meramente eleitoralistas e, uma vez mais, demonstrar uma crescente confiança naqueles que, para além de melhor preparados, constituem um garante para conseguirmos da forma menos gravosa a situação que o país atravessa.
Eu confio em Sócrates. Eu acredito em Portugal. Eu voto no PS!