Para quem conheça minimamente Vasco Cordeiro, candidato socialista à presidência do Governo dos Açores, não constitui qualquer motivo de surpresa a decisão de solicitar ao Presidente do Governo a dispensa das funções governativas que vinha a desempenhar, diga-se em abono da verdade, de uma forma dedicada, eficiente e digna.
Não será por demais evidenciar a inexistência de qualquer obrigatoriedade legal que levasse o candidato a assumir essa posição. Se bem o entendesse, Vasco Cordeiro poderia continuar a desempenhar as funções de Secretário Regional da Economia até ao dia da tomada de posse do novo governo que desejamos e cremos vir a ser por ele presidido.
Desde há seis meses atrás, aquando o anúncio da sua candidatura, até hoje, Vasco Cordeiro soube de forma criteriosa e cuidada separar a sua atuação como governante da do candidato, não confundindo a atuação do primeiro com a do segundo.
A decisão do candidato socialista baseou-se, como o próprio fez questão de afirmar, nos princípios de responsabilidade, verdade e confiança. Acrescentou ainda que tem a consciência tranquila, sabe que nunca se aproveitou das funções que exerce, mas a sua responsabilidade não é apenas isso, é também evitar que haja qualquer dúvida quanto a um eventual aproveitamento.
Vasco Cordeiro ao assim agir deu, perante todos os açorianos um autêntico testemunho do valor da Verdade ao entender, como político, ser seu dever, e cito:” … mais do que garantir o cumprimento da lei na convivência entre as condições de Secretário Regional e candidato a Presidente do Governo, tornar inequivocamente claro às Açorianas e Açorianos que não existiu, não existe, nem existirá qualquer benefício retirado para a minha candidatura.”
Ao assumir essa atitude, o jovem candidato socialista deu um enorme contributo para a credibilização da política e dos seus agentes, pondo em evidência um nobre caracter e uma real preparação para o desempenho da alta função para a qual se apresenta ao sufrágio dos açorianos.
Entretanto. O que faz a sua mais direta opositora, Berta Cabral?
Limita-se a declarar que não seguirá o bom exemplo, que tem o seu próprio percurso e o seu próprio calendário, nunca adiantando quando pretende cessar as cada vez mais escassas funções que desempenha, a tempo cada vez mais parcial, na Câmara Municipal de Ponta Delgada.
Tal como não nos surpreendeu, pela positiva, a decisão de Vasco Cordeiro, a atitude de Berta Cabral foi exatamente, pela negativa, o que dela poderíamos esperar. A candidata laranja teme a perda dos holofotes que lhe são assegurados na qualidade de edil e, consequentemente o confronto direto, em igualdade de circunstâncias, com o candidato socialista.
Daqui até Outubro não faltarão inaugurações de ruas, becos e canadas. Certamente ainda haverá mais umas placas toponímicas para descerrar ao som dos discursos dos velhos oradores de sempre. Alguns livrinhos para lançar – nem que sejam ao estilo de listas telefónicas – com cobertura dos Órgãos de Comunicação Social e com retratos, muitos retratos, como convêm.
E a coroação do império que tem sempre a mesma mordoma? O que seriam das festas do Espírito Santo do Concelho se Bolieiro fosse o Mordomo? Perderia a candidata a oportunidade de desfilar na procissão, de distribuir indisfarçados acenos e sorrisos em todas as direções?
E quem havia de entregar aos pobres as “esmolas” do Império e cirandar entre as mesas das sopas do Divino a distribuir beijos e abraços?
Já me ia esquecendo… não haverá ainda mais gente a ser homenageada?
Quanto a nós, a "altura certa" referida por Berta Cabral como o momento para sair da camara municipal, poderá dar azo a que se possa inferir ser uma prova de que ela utiliza a autarquia a favor da sua própria pessoa e não a favor dos cidadãos do concelho de Ponta Delgada! Veja-se o caso de ter adiado duas vezes uma reunião de Câmara, em razão de estar ausente, em viagem de campanha, noutra ilha.
Realmente, é necessário dar nobreza à política!