Opinião

O futuro do PS

Foi decidido na Comissão Política Nacional do Partido Socialista, da semana passada, a realização de eleições primárias no dia 28 de Setembro, para a indicação de candidato do Partido a Primeiro-Ministro. No universo eleitoral serão integrados todos os militantes e todos os cidadãos que, não sendo militantes, pretendam participar nesta eleição inscrevendo-se previamente para isso. Na política, nos partidos e nas sociedades democráticas, a discordância, a divergência e a coragem de propôr alternativas devem ser encaradas com naturalidade, sem moralismos e sem dramatizações. Isso é sempre positivo, desde que não seja um mero exercício de diagnosticação de problemas ou de maledicência circunstancial mas quando feito com frontalidade, de forma consequente, com propostas e ideias que ajudem a melhorar e a construir. Tendo em conta o momento que vivemos em Portugal, exige-se grande responsabilidade, serenidade e respeito democrático pelas opções tomadas. Eu apoio António Costa, numa opção legitima e respeitável, da mesma forma que será legítimo que outros camaradas entendam que deve ser António José Seguro a melhor opção. Tendo em conta as responsabilidades do PS no nosso País e na nossa Região, é fundamental que num processo deste tipo não nos desfoquemos do essencial. Não é tempo de circunscrever este debate a posicionamentos tácticos, a caciques, a clubismos ou a formalismos estatutários e regulamentares muito próprios de quem tem pouco para dizer e para propor. Precisamos, sim, de debater o futuro de Portugal, a nossa capacidade de transformar e modernizar o nosso País, onde a qualificação, o emprego, a qualidade de vida, a sustentabilidade financeira e a forma como o Estado se relaciona, política e financeiramente, com as suas Regiões Autónomas devem ser as principais preocupações. Apesar da nossa Autonomia Política e Administrativa, este debate nacional tem também grande relevância para a nossa Região. É inquestionável que a crise que se vive nos Açores tem forte influência de muitas das medidas tomadas pela coligação de direita que governa o nosso País. Precisamos de uma perspectiva nova, de novas abordagens e de coragem de fazer diferente porque, apesar do que defende a estratégia de comunicação do actual governo da República, a austeridade não é um caminho inevitável. O António Costa é um amigo dos Açores, que compreende e é sensível às nossas especificidades e saberá sempre que, quando for Primeiro-Ministro, pode contar connosco, mas que os socialistas açorianos entre o PS e os Açores nunca hesitarão em defender de forma intransigente os Açores, seja contra quem for.