Opinião

O(caso) de Passos

Nas vésperas eleitorais o corrupio de governantes nacionais traz loas autonómicas vazias de autenticidade e conteúdo útil. Passos e o Marco que o empurrou para eleições em 2011 estão em visita “canónica”, contudo, só debitarão “vontade de” e nunca “por acaso fui eu que resolvi…”. Fernando Esteves relata bem como em 2011 se deu o “golpe palaciano” para não aprovar o PEC IV. Desde então, Passos foi pior do que as medidas do PEC IV, onde estavam garantidos os 80 mil M€ de ajuda a Portugal, sem Troika. Pior, Merkel, Barroso e o BCE com tudo acordado receberam a notícia do chumbo do PEC IV e do “conluio político” entre Cavaco e Passos. É ridículo ouvir Passos a desmentir que não conhecia a situação do País e, por isso, mentiu na campanha de 2011, em relação a reformas, IVA, pensões etc. Foi uma espécie de Siryza: não viabilizou o PEC IV e aceitou um mau acordo com a Troika, “tornado mais violento” com austeridade acrescida pela insensibilidade de Passos & Companhia, numa atitude de subserviência ao capital. A renegociação da dívida foi sempre tabu, malgrado a defesa de menos juros e mais prazo de pagamento da dívida grega. Passos fala da solidariedade portuguesa escondendo a sua incapacidade negocial e a total inércia e ineficácia política de Cavaco para não sujeitar o país a tanta austeridade. Nestes quatro anos, os feitos saloios e neoliberais de Passos foram incomensuravelmente menores do que a pobreza que o seu governo criou, a emigração que forçou, a divida pública que aumentou, a fome que grassou, as empresas que faliram e o sofrimento geral que causou. Neste deve e haver, a questão é política: havia sacrifícios a fazer, porém, eles foram mal repartidos e aumentados por uma governação insensível e estéril como se vê pelo aumento da dívida pública. Nos Açores, o governo PS em tempo de dificuldades reforçou os apoios sociais e, por isso, a nossa rede de solidariedade funcionou. Todavia, perante calamidades nos Açores, Passos disse não, o financiamento à Universidade dos Açores teve ainda mais cortes e deveria seguir o principio estabelecido para a Lei de Finanças Regionais, a indefinição na RTP/Açores, o jogo do empurra na Base das Lajes ou a questão das quotas leiteiras são assuntos que se Passos valesse também diria “por acaso até fui eu que resolvi”… Sem este objetivos a visita é inútil, tarde e a más horas. Passos vive o seu ocaso.