I. Numa altura em que a Região regista, nos seus vários indicadores socioeconómicos, resultados encorajadores, comprovando que o esforço que a governação do PS tem dedicado à proteção e apoio às famílias e às empresas dos Açores não só tem sido fundamental para suster o impacto das ondas de austeridade nacional, como permite alavancar estruturalmente a nossa economia, seria muito fácil despejar vitoriosamente as mais recentes estatísticas do setor turístico na Região. Os números confortam a alma até do mais cético dos comentadores e calam os argumentos do mais empedernido e sectário dos críticos.
Seria legítimo e politicamente lucrativo. É que, como se pode convir, razões não faltam num ano em que a Região regista os maiores aumentos percentuais do país em número de hóspedes e em número de dormidas, crescendo em termos homólogos mais de 21% e 17,5%, respetivamente, ultrapassando no acumulado e ainda a três meses do final do ano, a barreira do milhão de dormidas. E esta evolução positiva também se verifica ao nível dos rendimentos do setor, com os proveitos totais a ascenderem a cerca de 45 milhões de Euros, subindo 18,6% em termos homólogos, e o REVPAR (Rendimento por quarto disponível) a registar um valor muito próximo dos 30€, quando em 2012 era de apenas 22,8€.
Por ilha, a tendência de crescimento chega mesmo a atingir, nos casos de S. Jorge, S. Miguel, Pico, Faial e Corvo os dois dígitos. Também em relação ao início da legislatura – agora que estamos a entrar no último ano do presente mandato – o comparativo é favorável em todos os indicadores, tendo os proveitos globais ultrapassado em cerca de um milhão e meio de Euros os registados em 2012, quando ainda faltam três meses por apurar.
II. Significa isto que está tudo bem com o turismo nos Açores e que nada há a fazer? Não, obviamente que não.
Em primeiro lugar, temos de continuar a vencer o desafio de colocar o turismo ao serviço da criação de riqueza e de emprego na nossa Região. O esforço desenvolvido pelas entidades públicas e privadas, quer nos tempos de maior dificuldade, quer nesta fase de grande otimismo, só será compensado se resultar em mais emprego em cada uma das nossas ilhas. Esse esforço só terá valido a pena se o turismo se constituir na prática como uma ferramenta que permita aos Açores gerar mais valor, com implicações diretas na melhoria dos rendimentos e da vida dos Açorianos.
A evolução do turismo como setor económico essencial na Região é um processo de longo alcance, que ganhou corpo com os governos do PS e que, com um ou outro período de menor fulgor, se vem consolidando de forma crescente. Nunca consideramos que se tratava de um adquirido. É antes um processo em curso, que exige uma parceria muito estreita com os agentes do setor e uma noção muito clara do papel do Governo enquanto agente facilitador e de estímulo de um negócio que é sobretudo feito por privados.
Cumpre-nos, por isso, agora que os números revelam uma notoriedade maior do destino e um apelo acrescido num mercado que é altamente concorrencial, um esforço concentrado na qualificação da oferta turística para que ela possa corresponder às expectativas daqueles que nos visitam, em linha com a imagem promocional que temos vindo a projetar quer por via de ações de marketing e publicidade, quer com base em eventos de projeção internacional em áreas que se conjugam com o destino que queremos ser.
Sermos mais visitados é um ganho imediato, mas o objetivo tem de ser continuarmos a ser cada vez mais visitados, e isso não depende apenas do custo do acesso, mas depende também, e cada vez mais, da qualidade da experiência que cada visitante usufruir e da imagem que, por essa via, se vier a projetar do destino Açores.
Isso não invalida, porém, que tenhamos absoluta consciência de que a conversão do turismo em hospitalidade é uma tarefa que incumbe a todos e a cada um de nós, Açorianos, não apenas enquanto atividade comercial mas sobretudo enquanto vetor estratégico de uma Região que precisa de diversificar a sua base económica e consolidar um setor que sabemos possuidor de um significativo potencial reprodutivo. Neste sentido, a valorização dos produtos natureza e mar estabelece os princípios orientadores para os quais se deve dirigir o esforço conjugado das entidades públicas e dos agentes das atividades associadas ao setor, de modo a que se aprofunde o nosso posicionamento enquanto destino ecoturístico, aproveitando as vantagens dadas e preservadas.