Opinião

As presidências da Câmara de Ponta Delgada

No artigo da semana passada o tema foi a perda da identidade do centro histórico. Hoje a proposta é sobre aquilo que, também, é visível: a ausência de políticas municipais modernizadoras que distingam e promovam a cidade. A modernidade na gestão municipal, desde logo na participação da gestão do centro histórico, é recorrente e que se faz notar, com maior afinco, no período natalício e este ano é marcado por duas situações. A primeira: Com menor desemprego e aumento de rendimentos, os comerciantes do centro histórico testemunharam que o volume de compras foi inferior ao do ano passado. Na resposta José Bolieiro desresponsabiliza-se e resume a situação à falta de modernização e de investimento por parte dos comerciantes. Os comerciantes têm feitoesforço para responder às novas formas de vivências, com investimento próprio, alguns já abrem ao sábado e à hora de almoço, e pelos programas Loja + e o SIDER. Não pode por isso a gestão municipal aliar-se da parte de responsabilidade atribuindo aos comerciantes, unicamente, o ónus da modernização. Perante estas críticas injustas a Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada defendeu-os? Não. Quem promoveu palco ao Dr. Bolieiro para criticar os comerciantes e sem se demarcar das suas declarações? A Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, ironicamente no momento da entrega de prémios do Dia das Montras, evento que enaltece a capacidade de inovar dos comerciantes. A segunda: Desde 2005 que o PS defende a existência de um cartaz de final de ano como um dos eventos âncora para a época baixa, com captação de turistas no mercado nacional. A 20 de dezembro, a autarquia e a Câmara do Comércio pretendem através da afirmação de “somos os anfitriões de um evento ambicioso que, este ano, enche quase todos os hotéis de Ponta Delgada”, relacionar o evento com a ocupação. Esta pretensão não é sustentada pela realidade quando este evento “ambicioso” nem na Bolsa de Turismo de Lisboa 2016 foi anunciado. Aliás não se conhece nenhuma campanha atempada de divulgação do cartaz da passagem de fim de ano no mercado nacional. A Câmara do Comércio de Ponta Delgada, na defesa dos comerciantes, alguma vez reivindicou os compromissos eleitorais do Dr. Bolieiro? Não. E não eram muitos. Foram apenas três para o centro histórico, com impacto para os comerciantes: “aprofundar as potencialidades do programa Reviva, a inserir no Programa PDL regeneração”; “desenvolver o programa PDL Noites, estendendo aquela experiência ao ano inteiro (referindo-se às Noites de Verão)” e “Connosco o regresso das famílias aos centros vai ser uma realidade.” A um cartaz de fim de ano, que se quer afirmar no plano turístico e em concorrência,exige-se identificação, qualidade e previsibilidade. Até à BTL 2017 há tempo para cativar turistas e residentes a disfrutarem a passagem de ano em Ponta Delgada, em detrimento de outros locais. A passagem de ano nas cidades é responsabilidade municipal. As posições e declarações de José Bolieiro e de Mário Fortuna evidenciam que há uma Câmara, a do Comércio, sem o seu presidente e outra Câmara, a municipal, com dois presidentes. Desejo aos leitores um Próspero 2017!