Opinião

Afinal há outro caminho e, funciona!

Soubemos, no final da passada semana, que o défice público do ano de 2016 não irá ficar acima dos 2,3% do PIB e que a dívida líquida do país diminuiu face ao ano anterior. Ora para os mais distraídos convirá talvez lembrar que este é o défice mais baixo da história da democracia portuguesa e que este foi conseguido apesar da reposição de salários, de pensões e de direitos que o Governo do PS aplicou. Para desespero do PSD e do CDS/PP, que agora acham que os valores do défice não são relevantes quando comparados com outros indicadores, o caminho protagonizado por este Governo da República, não “trouxe o diabo”, não trouxe a bancarrota, nem nos retirou credibilidade. Há muito ainda para fazer, na restruturação da banca falida, que nos deixou Passos Coelho e em matéria de crescimento económico, mas os indicadores de clima económico e de sentimento para o país (INE/EUROSTAT) são os mais altos desde 2007 e as previsões de crescimento económico das principais universidades portuguesas têm sido revistas positivamente. Na verdade, percebemos que há alternativa ao caminho protagonizado pela direita e que o único risco para Portugal, neste ano, é a instabilidade política na América e no resultado das eleições legislativas em alguns países europeus. Congresso do PSD/Açores Do Congresso do PSD/Açores nada de novo saiu… O líder foi o mesmo – aliás, já reeleito em eleições diretas – o discurso reabilitou velhas propostas ou melhor, propostas velhas, e a incapacidade para unir o partido em torno de alguém ou de um projeto para a nossa terra foi uma constante do debate político. Nem os apelos à união, nem o facto do Congresso ter tido lugar, curiosamente, numa tenda de casamentos, no bonito Pavilhão da Associação Agrícola de São Miguel, fizeram com que o seu líder histórico regressasse ou que os críticos se calassem. Foi mais um Congresso do PSD, marcado pelo habitual fel ao Governo dos Açores suportado pelo PS e pela ânsia de apresentar uma ou outra proposta palpável aos Açorianos. Mas nem aí a coisa correu bem, pois Duarte Freitas esqueceu-se de compatibilizar a crítica com a proposta. Deixo por isso, humildemente, uma mera sugestão ao presidente do PSD/Açores, por favor, não diga que o Governo dos Açores não paga a ninguém e que tem uma dívida pública escondida muito grave e, logo, segundos depois, venha propor uma baixa de impostos, nomeadamente do IVA num valor significativo. Observação: Se uma Região está falida não pode baixar impostos! Se uma Região pode baixar impostos é porque as suas contas o permitem! As duas afirmações do PSD é que são perfeitamente incompatíveis. Nota final: segundo li e ouvi, foi supostamente afirmado pelo Presidente da Câmara da Ribeira Grande, durante o Congresso do PSD/Açores, que era fundamental o PSD ganhar a maioria das autarquias de São Miguel para travar o processo da incineradora. Partindo do pressuposto que estas declarações existiram, são muito graves, pois revelam uma enorme falta de correção - foi o adjetivo mais suave que consegui arranjar - da parte do interveniente. Se nos cingirmos aos factos e não a “factos alternativos” constatamos o seguinte: José Manuel Bolieiro, do PSD e presidente da Câmara de Ponta Delgada é um fervoroso adepto da construção da incineradora e o próprio Alexandre Gaudêncio, apesar de reticências tardias, votou favoravelmente à sua construção, aliás, foi referido, que tal processo só teria aprovação se a decisão fosse unânime entre todas as Câmaras de São Miguel.