I. O desemprego tem vindo a descer de forma constante e sustentada nos Açores. Depois de atingirmos uns preocupantes 18% no auge da crise económico-financeira que varreu o país, os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes ao 4º trimestre de 2016, situam a taxa de desemprego nos 10,4%. Comparando com o 4º trimestre dos anos anteriores, o desemprego nos Açores veio sempre a diminuir, passando de 17,3%, em 2013, para 15,5%, em 2014, 12,6%, em 2015, e os tais 10,4%, em 2016 – menos sete pontos percentuais em três anos.
Este valor, além de representar o décimo trimestre consecutivo de descida do desemprego na Região, é o mais baixo dos últimos cinco anos e meio, significando que há, em relação ao ano anterior, cerca de menos 3.000 açorianos desempregados, ao mesmo tempo que a taxa de emprego revela existirem quase mais 2.000 açorianos a trabalhar. Além disso, os Açores registam agora uma taxa de desemprego mais baixa do que a média nacional e a taxa de desemprego jovem mais baixa dos últimos cinco anos.
II. Eu sei que os números são um pouco áridos, mas têm a vantagem de ser exatos, comparáveis e apurados por critérios universalmente aceites. E, neste sentido, o inequívoco trajeto aqui descrito, que se associa a outros indicadores socioeconómicos com evolução positiva na Região nos últimos anos, é motivo de encorajamento, tanto para quem governa como para quem, na prática, faz mover a economia. Graças ao empenho e à perseverança de empresários e trabalhadores, no quadro de um conjunto de políticas públicas de apoio e fomento da empregabilidade, os Açores estão a recuperar o emprego e, com isso, a retomar o ritmo pré-crise de atividade económica.
Mas estes números também nos dizem que se continua a registar um nível elevado de desemprego e que ainda há muito esforço a despender para que se encontrem respostas eficazes para aqueles que continuam a procurar emprego e a lutar por melhores condições de vida, que tragam segurança, tranquilidade e realização pessoal.
III. Há, contudo, quem olhe para os factos descritos pelos números do desemprego com um indisfarçável ressentimento, próprio de quem precisava, para efeitos do debate político, que o desemprego continuasse alto e que o Diabo, não podendo de todo regressar, pelo menos desse um arzinho da sua graça, mesmo sabendo que isso significaria que a vida de muitos Açorianos estaria pior.
A reação do PSD/Açores, da responsabilidade do seu braço politiqueiro para as questões laborais, os TSD, demonstra claramente que, no fundo, bom para os social-democratas era se fosse mau para os Açorianos. Os mesmos que, quando os números do INE registavam subidas no desemprego, vociferavam contra o Governo e a sua incapacidade para contrariar os problemas da economia, agora acham que os números do INE não registam a verdadeira dimensão do desemprego na Região e não reconhecem qualquer papel ao Governo na sua descida.
E depois vem a já clássica acusação relativa aos programas ocupacionais, utilizada em sistema de realejo, que ora se contrai quando a questão é a da existência de tais programas, ora se expande quando o assunto passa a ser os números do desemprego. O PSD/Açores ora manteria, com aperfeiçoamentos, os ditos programas, ora acha que eles servem para encobrir desemprego, mas ainda não percebeu a sua real função: prover dignamente àqueles que não podem aceder ou deixaram de poder aceder ao subsídio de desemprego, mas que ainda não têm emprego. Uma forma justa e nobre de não deixar ninguém para trás.
IV. O PS não está reconfortado com o facto de ainda haver 10,4% de Açorianos em idade ativa sem emprego, mas vê reforçada a sua convicção no percurso de recuperação que se vem trilhando de cada vez que os números do desemprego diminuem. Assume igualmente a batalha contra a precariedade e a utilização abusiva de programas ocupacionais, em nome do direito a um emprego condigno e estável, e de uma sociedade mais coesa.