A Câmara Municipal de Ponta Delgada apresentou na passada semana um projeto de intervenção para a Avenida João Bosco Mota Amaral, orçado em 1,2 milhões de euros. Esta obra prevê criar uma ciclovia que vai ligar os corredores para bicicletas e peões já existentes na Avenida do Mar e nas Portas do Mar. Estranhamente a intervenção vai ter duas fases. A primeira fase de construção, com custo de 150.000 euros, vai começar em abril e deverá ficar concluída no final do verão. A segunda fase só terá início depois das eleições. Esta obra agora anunciada é um bom exemplo de uma intervenção que já deveria ter sido realizada há muito tempo. É uma prova da falta de capacidade em promover pequenos investimentos de requalificação com grande impacto na qualidade de vida dos munícipes – algo que infelizmente a Câmara de Ponta Delgada e da Ribeira Grande não deram provas de saber fazer. Em 2009, o PS apresentou como uma das suas propostas eleitorais a criação de uma ciclo via litoral desde a freguesia da Relva até à Praia do Pópulo. Em maio de 2014, já no atual mandato autárquico, o PS apresenta mais uma proposta. Desta vez confinada ao troço Sul da Avenida, entre o Clube Naval e a entrada para Avenida do Mar. Ao longo dos anos o aumento da circulação de peões e de ciclistas no estreito passeio que atualmente existe nessa zona criou um constrangimento que necessita de uma solução urgente e permanente. Esta última proposta do PS foi considerada pelo presidente da Câmara de “interessante” e como sendo “um contributo positivo” para uma obra – claro – que a autarquia “já estava a planear realizar”. Ou seja, o presidente já tinha tido uma ideia semelhante só que muito maior, uma intervenção em grande que “em breve” iria ser apresentada. Na passada semana, foi então finalmente apresentada a famigerada proposta. Ou seja, quase três anos depois da proposta “interessante” do PS. É verdade que o que interessa mesmo é que a obra se realize, para benefício de todos. Sem dúvida. Mas não é menos verdade que esta simples história é uma demonstração cristalina da forma como a Câmara Municipal está a ser mal gerida, em prejuízo de todos.