Opinião

Malmequer, Bem-me-quer!

De fato parece que assim é a abordagem que se tem feito na questão da SATA. De um discurso intercalado entre o bem-querer e o mal querer, assiste-se agora à apologia do deixar ir os anéis para ficarem os dedos. Afinal em que ficamos? O PSD numa estratégia prometida de propostas de resolução dos problemas da transportadora regional, agora descobriu duas SATAS, a boa e a má. Vai daí em vez de lidarem com propostas de resolução de um problema, dividem-no em dois, deixam cair literalmente a SATA-Azores Airlines para apoiarem a SATA- Air Açores, percebendo-se o facilitismo da proposta pela inexistência de projetos de resolução. É óbvio que neste discurso também se encaixa o discurso de que compete ao Governo resolver o problema. Assim também o é, mas não façam propostas que não se possam concretizar, nem muito menos propostas que não resolvem problema algum; ou pior ainda sugestões que perigam a missão também identitária de voar para as comunidades da nossa diáspora, nomeadamente América e Canadá, missão que como todos sabem só pode ser feita pela Azores Airlines. Em concreto a SATA SGPS é um grupo empresarial regional açoriano composto por várias áreas de negócio, onde se incluem e a SATA Air Azores, a Azores Airlines para além da gestão de aeroportos e de “handling”, entre outros; logo não existe a boa e a má SATA, existe uma que deve ser equacionada como parte de qualquer proposta de resolução dos seus problemas. Esta postura divisionista enfraquece qualquer proposta de solução para os problemas gerados por variáveis internas e externas imbricadas numa teia lobista dos que fazendo parte do problema, não querem fazer parte da sua solução; e aqui inclui-se necessariamente a postura dos sindicatos que, pelo que se assiste, não estão interessados com o futuro do emprego dos seus associados, mas sim com a liquidação da empresa. Qual delas? O PSD já deu a resposta, a má que a outra com ato de contrição safa-se. Só que não seria nunca assim porque a SATA Air Açores seria contaminada e exposta negativamente com esta opção. Mas será que não dá para ver que o serviço público de transporte aéreo para os Açores, não se pode confinar ao espaço insular? Será que não dá para ver que a necessidade de ligações com o continente português, sustenta e muito o conceito de obrigação de serviço público? Será que não dá para ver que a nossa ligação privilegiada com a diáspora estreita este conceito de razão de existência e de utilidade pública deste serviço? Claro que sim, mas não dá jeito abordar o problema como um todo, complexo e agravado com greves e incidentes que não se entendem. É óbvio que existem responsabilidades também por parte de departamentos ou serviços do grupo SATA que devem ser auditadas, alocadas e resolvidas; assim como é óbvio que nada melhor do que um álibi, neste caso o da responsabilização do Governo, para justificar seja o que for, até mesmo os imponderáveis. Bem-me-quer, foi o mote de quase todas as intervenções daqueles que defendem uma SATA pública e açoriana, com defesa de postos de trabalhos e das missões ao serviço dos interesses da Região; e a postura e o anúncio por parte do governo do compromisso de tudo fazer para a manutenção de uma empresa regionalizada sem subjugação dos interesses da SATA aos dos Açorianos, pareceu-me o mote tranquilizador com que se encerrou este debate.